No palco os atores, onze no total, cantam, dançam e encenam uma das mais emocionantes e realistas histórias sobre o povo nordestino: A do retirante sertanejo e suas peripécias e andanças por um mundo cada vez mais desigual e excludente. Tudo isso através de canções imortalizadas pela voz de Luiz Gonzaga, o eterno Rei do baião; da poesia popular de Zé Dantas e Humberto Teixeira, além de outras de domínio público.
Dessa forma o espetáculo nos remete para um personagem memorável do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616): Don Quixote de la Mancha, em sua luta contra os intermináveis inimigos produzidos pela mente e pela sociedade de sua época.
Só que, em “Cantigas do Sol”, os inimigos do pobre sertanejo (ou poderíamos chamá-lo de nosso Don Quixote?) são mais reais do que imaginários: A seca , que tudo consome; a fome que, tudo devora e principalmente, a falta de oportunidades educacionais, culturais e sociais resultantes de uma política de coronelismo que infestava a região nordestina e que, rapidamente se transformou na proliferação de industrias, que continuam, em pleno século XXI, a esmagar o povo sofrido do nordeste.
Com isso, o autor da peça, Vital Santos, se transforma em um Cervantes moderno. Jogando-nos no olho do furacão. É quase impossível não se emocionar ao ver algumas das cenas de Cantigas do sol. A cena do Milharal; a de Nossa Senhora das Montanhas; a do demônio, entre outras, são eximiamente trabalhadas e encenadas de forma magistral por um elenco talentoso, entre eles: Didha Pereira (que dá vida de forma magnífica a Luiz Gonzaga) Carmelita Pereira, Mônica Holanda, além das talentosas e corajosas Hammai de Assis e Vanessa Virães (Que mostram os seios em uma de suas cenas).
Assim, o resultado final só podia ser a boa aceitação pela crítica e pelo público por cidades onde a peça já passou como Recife/PE, Campina Grande/PB, Natal/RN e futuramente Rio de janeiro/RJ onde o grupo participará de um festival. Ou seja, eles Têm tudo para se consagrar ainda mais.
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