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CASA TRANSITÓRIA
CASA TRANSITÓRIA
teresa armando elios da silva

Resumo:
Uma reflexão sobre os abrigamentos necessários em decorrência da falta de comprometimento da empatia e do autoconhecimento e a insistência em "viver a vida" sem pensar nas consequências dos seus atos.

CASA TRANSITÓRIA

Transitória. O próprio nome já diz, trânsito, permanência por um certo período. Qual o intuito quando foi criada essa casa? Para abrigar pessoas independente do sexo, idade, raça, cor,...por um certo período enquanto são decididas quais as melhores providências a serem tomadas em relação a elas, baseadas na situação atual que estão vivenciando maus tratos, violência física, psicológica, abandonos, ambientes insalubres,...
Trabalham neste ambiente um corpo técnico devidamente qualificado para gerenciar esses conflitos. A sociedade enxerga esse local como um alívio para quem está lá e realmente é um alívio, mas e as marcas que ficaram e ainda estão nestas pessoas, como ficam?
Lidar com situações extremas e, geralmente, advindas daqueles que nos diziam amar e nos proteger atuam no nosso corpo, mente, enfim no nosso mundo, como se eles tivessem arrancado algum membro, amputado, sendo que, infelizmente, em alguns casos isso realmente ocorre em atitudes de extrema violência.
Elas são levadas para esse ambiente , instaladas adequadamente, tomando ciência das normas e regulamentos da instituição. Instituição, não a sua casa, o seu ambiente, o seu mundo que por mais difícil que fosse era o que elas conheciam e muitas vezes tinham esperanças de que o quadro se revertesse para por um fim naquela dor, que algo acontecesse para melhorar mas que elas continuassem no seu mundo, mas infelizmente são arrastadas por novos caminhos, pessoas desconhecidas, lugares frios,...
O ser humano quando está envolvido em situações extremas de violência, ambientes insalubres,... sempre acha que o quadro vai se reverter, que o companheiro vai mudar, que os pais, cuidadores vão prestar mais atenção neles, nas suas necessidades, que um milagre vai acontecer, a dor é tanta que vão arrastando essas situações e aqueles que convivem também sentem os reflexos destes conflitos. Ficar em um ambiente desconhecido com pessoas, muitas vezes, em situação pior que a sua, assusta, aflige, ter de se adaptar sem saber quanto tempo vai ficar ali, o que vai acontecer com ela, se deixou algum ente querido no meio desse conflito o desespero é ainda maior. Quer notícias, mas existe o sigilo do caso. Ter que se expor para as autoridades, falar sobre sua dor com estranhos, é complicado. O ser humano quando resolve “viver a vida”, não ouve ninguém e machuca em todos os sentidos justamente aqueles que diz amar, ele define o amor como posse, não pedi prá nascer, tem que me sustentar a qualquer custo, o outro tem de se submeter a ele, não respeita o que é do outro, não se importa com o que o outro sente.
As classes menos favorecidas economicamente são as que mais sofrem , mas isso não significa que seja justificativa para esses comportamentos.
Quando a situação sai fora do controle, não existem mais possibilidades de diálogo, há envolvimento de dependências químicas, desvios de caráter, orgulho em demasia, não querer reconhecer que está errado, não se importar mais com o sentimento do outro, significa que há necessidade de intervenção judicial. Se as pessoas que agem de forma brutal, que matam, em todos os sentidos, as pessoas que dizem amar, o outro desconhecido, soubessem como é a dor de quem fica em uma casa transitória, instituições a mercê da decisão do outro sobre a sua vida. Bebês, crianças, jovens, idosos, quando são recolhidos judicialmente em instituições, são interrompidos sonhos que são trocados por medos, ansiedades, aflição. A sociedade não consegue imaginar como se sentem essas pessoas.
Infelizmente, algumas já foram recolhidas diversas vezes pelo mesmo conflito ou outro recente, essas podem se tornarem duras, frias, cínicas, debochadas, já adentram as instituições desafiando os funcionários, autoridades. Aquelas que são recolhidas pela primeira vez, é um baque muito grande. Seja a primeira ou mais uma vez o estrago é o mesmo, tanto para quem foi recolhido como para o agressor. O ideal seria que não houvesse necessidade destes recolhimentos, mas se caso houver que tanto o agressor quanto a vítima pudessem mudarem de atitude, de acordo com a maturidade de ambos. Que repensassem suas atitudes. Permissividade, falta de limites, relacionamentos levados pelo calor da emoção, gravidez precoce, falta de comprometimentos familiares, realizar sempre a empatia, prestar atenção nos sinais que o agressor está dando sempre que possível, pois infelizmente na maioria das vezes são os nossos familiares, pessoas que amamos e nunca esperaríamos atitudes tão graves em relação a eles. Conselhos se fossem bons eram pagos, já ouvimos isso muitas vezes, mas os profissionais estão aí para ajudar, sempre há nas famílias alguém que realmente quer o nosso bem.



Biografia:
Sou assistente social e gestora do terceiro setor, trabalho com autoconhecimento direcionado a crianças, adolescentes e suas famílias.
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