FICA DO MODO QUE COMBINAMOS
Um dos governadores do Estado do Paraná, homem simples a despeito de comprovadamente preparado para o cargo, era dado a ir para o palácio do governo muito cedo, pela manhã. Antas das 06:00 podia ser visto em pé, na frente do prédio, algumas vezes sozinho.
Certa ocasião um agricultor o antecedeu na espera do horário das audiências. Faltava muito para a segurança abrir as folhas enormes das portas daquela ‘casa do povo’. E estava lá o interiorano em pé, esperando, em atitude reservada, com um cigarrinho de palha fumegante.
Sem se apresentar como autoridade, o governador o cumprimentou e iniciou com seu marketing.
-- Então vem fazer uma visita ao governador?
-- Dizem que é homem resolvido. Já estou cansado de conversar com deputados que aparecem por lá. Disseram que é só mesmo falando com o governador.
-- E que quer que ele faça?
O agricultor reclamou dos impostos, das estradas, do financiamento à produção, etc. Disse por último que coraria uma atitude.
O governador então perguntou:
-- Vamos dizer que o governador diga que não pode atender a esses seus pedidos. O que o senhor vai fazer?
-- Pois se me disser que não pode fazer isso pela agricultura do Paraná? Pois se ele é o governador, se manda em tudo por aqui e não pode fazer nada, vou dizer na cara dele que ele é um banana.
-- Vai dizer isso na cara dele?
-- Na fuça! Vou dizer que é um banana para não mandar para aquele lugar.
Algumas horas depois as portas do palácio foram abertas, o agricultor foi atendido por funcionárias bonitas no balcão. A audiência com o governador aconteceria às 10:00. Ofereceram-lhe café, poltrona, revistas.
Pontualmente às 10:00 horas um assessor o levou ao gabinete do governador. Por trás da mesa quem lá estava era exatamente aquele seu ‘companheiro de porta de palácio’.
Recebendo-o com bom humor e educação, o governador caminhou em sua direção, ofereceu a mão para o cumprimento e indicou um lugar no sofá que usava para conversar com altas autoridades visitantes. Finalmente disse:
-- Como o senhor vê, esteve falando com o próprio governador ainda há pouco. Sei o que quer do Governo do Estado e é claro que tem razão para exigir . Mas, e se eu disser que não posso fazer tudo aquilo? Como é que fica?
O agricultor olhou para o governador sentado ao seu lado no sofá chique. Tirou o cigarro de palha da orelha. Bateu o a onta com o fumo queimado contra a caixa de fósforos. Acendeu o cigarro, tirou uma baforada. Olhou finalmente para o governador a quem disse:
-- Pois, governador, se não pode fazer nada pela agricultura do Paraná, fica como nós combinamos lá fora.
-- Um banana?
-- Isso para não mandar para aquele lugar...
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