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Os Bolsonarianos
(um modismo incômodo)
Roberto Queiroz

Este artigo não se destina a elogiar ou criticar os raivosos eleitores adeptos de certo candidato à Presidência da República para as eleições do ano que vem, que nos últimos tempos têm sido alardeado à condição de "mito" (coloco assim entre aspas, porque de mito o dito cujo nunca teve nada). Não, meus caros leitores! Não me interessa tal candidato, muito menos seus simpatizantes apaixonados. Esqueça-os!

Este artigo se destina, isto sim, e um tipo de comportamento que virou moda nos últimos anos (leia-se: da reeleição da presidente Dilma Houssef para cá) e que dado o que falar nas grandes capitais do país. E quando eu digo "dado o que falar", não digo isso no melhor sentido da palavra.

A que se destinam eles, os Bolsonarianos?

Vivemos num país que se orgulha de ser colônia dos outros há mais de cinco séculos (me perdoem os que acreditam nessa eterna demagogia de soberania nacional, grande pátria e blá blá blá, mas isso é um fato mais do que consagrado!). E não bastasse isso nunca teve de fato o menor compromisso com a própria ética, a própria educação, a própria língua e, claro, com o próprio futuro.

Preferimos rótulos como "a cidade gay", "o país da alegria", "o Cristo Redentor é a oitava maravilha do mundo", "se estressar pra quê!", entre outras hipocrisias costumeiras. Aqui, a expressão trabalhador muitas vezes se confude com um ranço cultural secular que nada mais é do que a velha e boa "vamos levar vantagem sobre o outro". O Brasileiro gosta mesmo de trabalho? Tenho minhas dúvidas. Sempre tive e nossa herança escravocrata sempre me ajudou a duvidar ainda mais dessa frase.

Some a isso uma elite cretina que nunca gostou de dividir nada com nínguem ou mesmo perder 1% do que fatura anualmente e ainda consegue convencer a cabeça de pobras desmiolados e imbecis que posam de classe média (porque dizer que é pobre, na visão deles, é indigno, cruel, covarde e mesquinho) e pronto: o caos está armado.

Resultado: um onda de ressentidos, amargurados, metidos a valentões, que pregam a justiça a qualquer preço e uma sociedade passional ao extremo que deseja andar armada para prevalecer a sua vontade. Bonito? Prefiro dizer contemporâneo.

Os Bolsonarianos invadiram todas as praias (a do Ultraje a Rigor, a minha, a sua, a de todo mundo). Peitam quem quer que sejam, xingam, rugem, ameaçam, tocam o rebu... Em suma: parecem corintianos da Gaviões da Fiel querendo ganhar qualquer campeonato no grito. Pois do contrário...

O rapaz da Síria que vendia as esfihas na zona sul, para sustentar a família, sentiu na pele a raiva intempestiva deles. A escritora Judith Butler, especialista em estudos de identidade de gênero, também. Alguns se defendem, dizem que não votarão no "distinto" candidato. Então por que replicam o mesmo comportamento dos seguidores dele? Enfim... A raiva, o ressentimento, o recalque, dão a tõnica de suas motivações cafajestes e injustificáveis.

Eles querem um mundo de iguais (pergunto-me se isso um dia será possível). Para eles, a lei da física de fato é: os iguais se atraem. O problema: contrarias as leis da física já mostrou sequelas amargas para a humanidade. Sequelas que duas Guerras Mundiais e uma bomba atômica, parece, não conseguiram corrigir a personalidade de uma civilização imatura.

De certo, somente a frase "eu não sei o que esperar do amanhã". E tem quem diga que, talvez, seja melhor assim. Sem criar expectativas. Os Bolsonarianos, no final das contas, não passam de um modismo incômodo. Aquele mesmo que, no passado, nos trouxe Amaral Neto e aquela sua política canastrona do "bandido bom é bandido morto" (da boca pra fora, é claro!). Aliás, deu no quê aquilo mesmo? Pois é...

Enquanto isso, os tempos sombrios e opacos permanecem. Pairando sobre nós.

(Nota: o fato de eu não querer nem a foto do dito político neste artigo é proposital. Repito: estou falando de um comportamento e não de um indivíduo).


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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