BALAS PERDIDAS |
Carlos de Almeida |
Vi um homem esmolando
Com uma cuia na mão
Nos seus olhos a tristeza
De quem não vê salvação
Numa porta de igreja
Esposto como bandeja
Sentado no frio chão
Uma cena cruel
Miséria que dá dó
Difícil não enxergar
A garganta dá um nó
É mais comum que parece
Sei que isso acontece
Conheço a História de có
Confesso, fiquei curioso
E sentei ao seu lado
Cordialmente puxei assunto
Procurei ser delicado
Na intenção de saber
Sua vida conhecer
Sem ser mau educado
Assim, conquistei confiança
E lentamente se abriu
Já com lágrimas nos olhos
Discretamente sorriu
Descobri que por amor
Aquele velho senhor
Desiludido sucumbiu
Tinha uma bela família
Felicidade no lar
Cinco filhos e esposa
Tinha razão pra amar
Mas em um trágico acidente
Todos estavam presentes
So ele se pôde salvar
Desse dia em diante
A vida perdeu o sentido
Médico de profissão
Passou viver deprimido
Largou tudo pra trás
Ainda um belo rapaz
Saudade dos entes queridos
Que sirva de lição
Pra quem pensa que a vida
É somente um mar de rosas
Mas pra muitos é sofrida
E a moral da história
Que se preserve à memória
O risco de balas perdidas
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Carlos Mambucaba
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