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A poesia contemporânea em debate
Fabiano Fernandes Garcez


        É necessário, antes de tudo, a definição de poesia contemporânea. O que se chama aqui de contemporânea é, sobretudo, aquela feita após a terceira fase do modernismo (1945) até os dias de hoje. A poesia é arte e a função da arte é questionar a realidade, fazer refletir e desestabilizar, ou seja tirar-nos de nossa zona de conforto, diferente do entretenimento que acolhe, conforma, faz esquecer o indesejável da vida e do cotidiano. É a expressão da subjetividade por meio da linguagem verbal, ou seja, das palavras e tem o papel de humanizar o ser humano.
       A poesia contemporânea é a reação da sensibilidade ao capitalismo de consumo que tira do homem moderno o individualismo, o torna anônimo, parte insignificante de uma grande massa consumidora. Cabe ao poeta dar ao homem comum a importância de ser único, incomparável e excepcional, oferece um novo olhar para a realidade, prega um novo comportamento desse homem, uma nova relação com o seu tempo, com o materialismo exacerbado e marcante em sua vida. A poesia contemporânea nos possibilita sentir, de forma verdadeira, o mundo e não apenas fazer parte dele como uma peça dentro de uma grande engrenagem. Olhar como, pensar como, ser, um outro que não nós, isso nós dá a sensação de completude e, ao mesmo tempo a percepção de sermos únicos e incomuns no mundo. A poesia nos liberta das garras e amarras do real racional e permite a transcendência do nosso corpo individual e físico para um corpo espiritual e coletivo, a poesia é, como diz Adélia Prado, uma manifestação religiosa. É, então, um constante exercício de reaprendizagem de novas possibilidades de ver um mesmo mundo.
        Esteticamente, é quase impossível definir a poesia contemporânea porque ela é eclética, se apresenta de diferentes formas, pois o mundo hoje é assim, múltiplo e fragmentado, o homem moderno é, ao mesmo tempo, inúmeros e também um só em inúmeras partes. Mas dentre as várias vertentes da poesia contemporânea é possível estabelecer três principais:
       A poesia descritiva: Dá ênfase no cenário objetivo, geralmente urbano, o poeta faz descrições das coisas, das pessoas e dos lugares que o cercam, talvez em uma busca de localização e inserção no mundo. É o tipo de poesia muito comum na internet.
        A poesia hermética: Dá voz ao inconsciente, visando dizer aquilo que ninguém sabia que se precisava dizer, isso está nas entrelinhas no texto. É a mais apreciada pelos críticos, uma vez que é mais difícil de entendimento por utilizar metáforas incomuns.
        A poesia memorialista: O saudosismo foi um movimento estético da literatura portuguesa no início do século XX, a saudade é considerada um traço marcante da alma portuguesa, talvez por nossa herança esse tipo de poesia é ainda muito prestigiada pelo grande público. O texto resgata o passado de forma nostálgica, mas com um novo olhar sobre ele, renega o presente e o futuro, deixando a sensação de que tudo no passado era melhor.
       O que se pode afirmar é que a matéria da poesia contemporânea é o cotidiano, o comum, o ordinário, é a desmistificação dos mitos e a mitificação da experiência pessoal. Há um grande problema na poesia brasileira, é que ela ainda vive em pequenos grupos de amigos, ainda não chegou ao grande público, há poucas, mais do que antes é verdade, mas ainda poucas, discussões e encontros sobre poesia. E as discussões que existem se referem a uma poesia elitista, cheia de citações e referências apenas compreensível a um público seleto, letrado e bem alimentado.
       Porém a poesia por seu caráter, edificante e revolucionário, de questionar a realidade tem que chegar às calçadas, às ruas, aos guetos, enfim a todos, sem exceção, por que quando questionamos a nossa realidade racional damos vozes a nossa irracionalidade emocional e inconsciente, que é o que precisamos para entender que o ser humano necessita de algo bem mais caro do que o dinheiro pode comprar.


Biografia:
Fabiano Fernandes Garcez nasceu em 3 de abril de 1976, na cidade de São Paulo (SP). Formou-se em Letras, é professor de língua portuguesa, literatura e redação, participou das antologias: São Paulo Quatrocentona e Poemas que latem ao coração, é autor dos livros: Poesia se é que há e Diálogos que ainda restam.
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