Se os humanos primam pela avidez
com que suas casas são construídas acima
dos patamares, os objetos habitam
a placidez dos artífices e penam nas mãos
de artesãos que os repetem em religiosos
hábitos dos dias; certos objetos
fogem das oficinas e se lançam sobre trilhos:
objetos trens os amassam em proveito
próprio; objetos amassados se transformam
em peças: museus, arqueólogos, meninos
curiosos e recicladores se reportam
ao instante posterior do sacrifício e fazem
do objeto anterior o próximo a ser exposto
na feira dominical das obtusidades: os objetos
sabem da banalização dos corpos.
(Pedro Du Bois, em OS OBJETOS E AS COISAS)
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