OBSERVAÇÕES
Entrei num café desta cidade, para tomar uma bica
Antes de ir trabalhar, eram aproximadamente 22h e 30
Minutos, sentei-me fiz um sinal ao empregado de
Mesa Que de imediato me atendeu, mas algo chamou a
Minha atenção, do meu já apurado sentido de observação
Estava ali, mesmo há minha frente do outro lado da sala
Comodamente sentado de perna alçada, muito direito
De frente para o televisor, na mão esquerda, tinha uma
Carteira em pele preta, um porta-chaves pendurado num
Dos dedos e ainda um isqueiro de cor azul, enquanto isso
A mão direita se entretinha num bailado de gestos, Talvez
Para acompanhar a conversa que mantinha de si para si, O
Café em questão, tinha a toda a volta da sala, espelhos
Como de resto é típico em estabelecimentos similares
O sujeito que atraíra a minha atenção, tinha um rosto
Assustador assim como uma mistura de cómico e sinistro
Seu cabelo era castanho oleoso, de risco ao lado, rosto
Comprido e achatado de pele branca, nariz comprido e para
Não fugir há regra queixo pontiagudo e inclinado para a
Frente, acentuando o aspecto não sei se cómico ou sinistro
Seus olhos castanhos e grandes, nunca paravam, um perfeito
Exemplar do homem bicho, feio, como jamais vira até aquele
Momento,de vez em quando ria, não sei se do filme
Que passava no pequeno ecrã, que abordava entre outras coisas
Crises familiares, Ou se da conversa que tão animadamente
Mantinha de si para si, em seguida olhava-se no espelho
Durante largos momentos, fazendo caretas,abrindo e fechando
A boca e ao contrário de disformar o rosto, a quem faz estas
Brincadeiras, no caso dele, até o tornou mais engraçado, Um
Pormenor que de certa forma me surpreendeu, foi a maneira
Correcta e elegante de se vestir, vestia uma camisa aos
Quadrados de cor verde-claro, com linhas pretas, relógio moderno
Um cinto em pele preto, para segurar ou ornamentar
Umas calças de fazenda pretas, calçava uns ténis castanhos de
Boa qualidade, deveria ter aproximadamente, 1 metro e 70 de altura
Embora com pouca constituição física, Este pormenor eu notei
Quando este se levantou e se dirigiu há entrada do café, notei
Também que ao caminhar se inclinava ligeiramente para a frente
Naquele cenário quase perfeito, faltava apenas, o maço de cigarros
Se não, para quê o isqueiro? Mas se eu não o tivesse notado, Ele
Se encarregaria de mo fazer notar, até porque, naquele preciso
Momento, Ele andava de mesa em mesa, educadamente pedindo
Um cigarro, o que lhe foi negado, até que o penúltimo cliente
Que lhe satisfez o desejo, mais tarde vim a saber que o
Cliente era novo por ali, quanto a mim não teve sorte Pois eu
Não fumava, depois de ter agradecido o cigarro dirigiu-se
Majestosamente ao seu lugar, que estava guardado por um pequeno
Embrulho de tons verdes e vermelhos, onde se destacava um laço
De cor rosa, sentou-se, cruzou as pernas e acendeu o cigarro
Levantou o indicador da mão direita, o empregado de mesa olhou
Um semol de ananás fresco por fabor pediu, eu não cria acreditar
No que estava a ver, e muito menos no que estava a ouvir, olhou
Novamente para o espelho e sorriu, entretanto outras pessoas
Entraram, outras tantas sairam, fiquei pasmado, pois ele voltou
Ao inicio, mesa a mesa, cliente a cliente, até que alguém
Lhe desse um cigarro.
Anjo latino
Roterdão
Holanda
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