Ao sabor da culinária, eis o quiabo.
Do belo, do formoso aporte cultural africano.
Quiabo que se abre ao novo
Que se adentra a um outro prato
Que não perde a viscosidade
Que não perde a essência
Quiabo que faz a Bahia um tabuleiro de acarajé
A Bahia é um tabuleiro de acarajé.
O acarajé baiano é uma mistura de cores e valores
É um símbolo, é um mapa dos deleites.
Quiabo é do quimbundo
Quiabo é o ser belo baiano
Formoso na formação lingüística e cultural
Quiabo é beleza, bondade do bantu.
O quiabo foi trazido da kutanda kimbundu
Para a quitanda brasileira
E é na CASAGRANDE/ SENZALA
Que vira papa de neném
Machucado não virou muxoxo (sapato-do-diabo)
Virou farofa – mistura do dendê africano
Com a farinha da mandioca, indígena.
O quiabo africano sentiu
O sabor amargo do jiló português
E foi capanga carregada entre o sovaco
A sentir a catinga européia
Eis o grito do aflito:
Ó, português escravista!
Veste-te com tanga africana
Para cobrir-te a nudez
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