Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Senhor das Portas
José Ernesto Kappel

De sua tez amistar
rodeiam pontos de suor
e certas tonturas que não têm cerca.

Fui chamado à proa do nada para conhecer
a dona da morte: senhora bem-vista,
temerosa e amedrontada e tão
bela como arroz-doce.
Mas senhora, dona de todo
o Norte,sabia eu,lá aonde
faz a vida e
mas semeia a morte.


Fui chamado a provar
minha vida e
certos amores.

Fui chamado a provar
de identidade e
provas vãs,
todo o poder
de uma jovem de duzentos
e duzentos e poucos anos,
dona de mim,
escrava do Senhor das Portas.

Fui enbojado de suor,
trêmulo de alegria
e augusto de pavor,
tentar com molho de vinagrete
colher os frutos da bela paisagem
e rever o que fui ontem -
dono de pedras -
e o que sou hoje -
dono de portas do tempo.

Rude Senhor das Portas,
que só nos deixa no cercado.
No árido, nas janelas sem emoção.

De duzentos em duzentos
e poucos anos estaremos
de volta - disse alguém
de angústia emproado.

O resto não importa mais.
A rua tangenceia de povo,
urnas e estátuas.

Os prédios nos fazem
coisas minúsculas
mas dele somos donos.

O Senhor das Portas
só faz perguntas etéreas
e nos deixa sempre no cercado.

Pergunto por Marie e ele
solene, diz: Marie só, se foi.
Eu sozinho, juncado de
instrumentos que me levam
em direção sol
só pergunto por Marie.

Ontem, duzentos e duzentos
e poucos anos,
lá estava ela de blusa carmim
e beijos escorridos,
com saias de belas rosas.

Tramitava em si a ordem maior
do Senhor das Portas:
faça dela coisas de amor
e entregue ao mais
sério rei
dono das terras interiores
que faz do homem um pouco de sal,
faz senhor das pedras
com seu reinado sobre o sol.

E fui e voltei
durante duzentos e duzentos e
mais poucos anos.

E lá ela continuava
em sua escuridão.

Havia partido para
os juncos do Senhor das Portas
e, de resto, só um pedido
deixou: faça dele um rei.

Da rua onde moro,
onde chove pouco e
neva forte,
posso ver todos os
dias, dias de manhã à
sobrenoite,
ela passar lúgubre,
abraçada ao Senhor das Portas.

E apenas um olhar me lança
e sobrepuja em seus lábios:
espere mais duzentos e duzentos
e poucos anos
pois até lá o Senhor das Portas
libertará seu amor
da vã eternidade
para seus braços mortais.

Número de vezes que este texto foi lido: 61760


Outros títulos do mesmo autor

Poesias O Corcel, a Areia e o Vento José Ernesto Kappel
Poesias Zero no Escuro José Ernesto Kappel
Poesias Coisas Ao Contrário José Ernesto Kappel
Poesias Puro Brandy José Ernesto Kappel
Poesias Santuário do Coração José Ernesto Kappel
Poesias E Se Tudo Fosse Azul ? José Ernesto Kappel
Poesias José Ernesto Kappel
Poesias A Taça e o Vinho José Ernesto Kappel
Poesias Coisas Perenes José Ernesto Kappel
Poesias É Sobre Hoje José Ernesto Kappel

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 464.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Os Dias - Luiz Edmundo Alves 63300 Visitas
Jornada pela falha - José Raphael Daher 63276 Visitas
O Cônego ou Metafísica do Estilo - Machado de Assis 63133 Visitas
Insônia - Luiz Edmundo Alves 63076 Visitas
Namorados - Luiz Edmundo Alves 63070 Visitas
Viver! - Machado de Assis 63034 Visitas
Negócio jurídico - Isadora Welzel 62974 Visitas
A ELA - Machado de Assis 62939 Visitas
PERIGOS DA NOITE 9 - paulo ricardo azmbuja fogaça 62863 Visitas
Eu? - José Heber de Souza Aguiar 62848 Visitas

Páginas: Próxima Última