Quando você houve meu piar
Acredito que pensa que quero brincar
Nunca considerou que era pedido de socorro
Você não consegue viver em quarenta metros quadrados
Imagine eu em quarenta centímetros de liberdade
Voar de um lado para o outro
Sempre no mesmo caminho
O mesmo horizonte
O mesmo visual
Sempre em trivial
Fui criado para voar pelo mundo
Apreciar as matas e mares
Alimentar-me do que quero
Tomate, jiló e alpiste
Agrada-me de vez em quando
Assim como seu arroz com feijão
É acompanhado de iguarias
Meu paladar, também é apurado e com sabor
Quando assovio quero dizer:
Liberte-me, liberte-me
Faço em forma de canção
Para que minha agonia seja notada
E que também tenho vida
Agradeço pela água
Por limpar a gaiola
Por ser meu amigo
Mas deixe-me fugir dos predadores
Deixe-me molhar na chuva
Permita-me comer insetos
Conceda-me o prazer de escolher minhas companhias
Enfim, seja meu libertador
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