Desafios para a valorização da herança africana no Brasil...
Foi este o tema da redação na prova deste domingo, 03/11/2024.
Escolha espetacular, reflexões necessárias.
Proponho-me à fuga da análise técnica, mas com um breve adendo: para a estrutura que a correção do texto observa, não é o tema que melhor se adequa.
É, sobretudo, um tema vago em cada palavra nele contida, aí se avizinham os riscos do tangenciamento.
Outra questão: comum haver a sensibilização com o tema por parte de parcela significativa da população jovem, e a dificuldade em escrever sem adentrar no mérito do lugar de fala e das vivências próprias, tendo em vista a exigência da impessoalidade nesse tipo de escrita.
Aliás, como não se surpreender quando uma prova nacional sugere que alunos das mais diversas origens étnicas se debrucem por algumas horas sobre esse assunto que nos perpassa, sem distinção.
O ponto positivo é que a proposta acolhe o estudante dedicado à história e à construção da identidade que lhe diz respeito.
Mas valendo-me de meu senso crítico, questiono-me: isso não é o básico? O respeito, a reverência e a valorização dos povos de matriz africana não é o mínimo de civilização que o mundo negro exige da branquitude privilegiada?
É mesmo necessário que uma prova de nível médio suscite esse tema, que já deveria estar encerrado no ensino fundamental, posto que é, de fato, fundamental?
É válido retomar o assunto adiante, apenas para assegurar que a instrução formal dos nossos jovens não suprima estes valores imprescindíveis. Mas simplesmente já tivemos séculos para tentar reparar o estigma, e as respostas sociais ainda não são as ideais. Até quando?
Me parece que se o jovem saiu do ensino médio sem reconhecer a importância dos povos africanos e de seu legado cultural, se após estudar logaritmos, estequiometria, as leis de Kepler e a interessantíssima história do Brasil, o jovem ainda discrimina o outro pela cor de pele, nosso país já falhou há tempos e nossa educação está fadada à ruína.
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Biografia: Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. |