Terminou as eleições municipais em 2024 na cidade de São Paulo com vitória e reeleição de Ricardo Nunes (MDB) para um mandato de quatro anos. É uma vitória que podemos tirar algumas conclusões:
Bom, Tarcísio de Freitas e Gilberto Kassab ganharam as eleições. Tábata foi a surpresa da esquerda. Ricardo Nunes foi eleito pela questão ideológica e não pelas propostas na mesa. Boulos fecha seu ciclo em disputas para cargos Executivos não sendo o nome apropriado para o estado paulista em 2026. A esquerda em São Paulo tem dificuldades para nomes fortes e visíveis, capazes de competir contra tendências tarcisista/bolsonarista.
Se olharmos pelo lado da esquerda visando 2026, o cenário é muito ruim. Lula precisa achar a pessoa certa e a passagem do bastão é uma incógnita. Fernando Haddad não é carismático, um nome que poderia ajudá-lo seria a Simone Tebet como vice e mesmo assim terá que negociar bastante para a formação desta chapa, visto que o MDB sai bem destas eleições municipais com largo diálogo na direita. A esquerda precisa de oxigenação com muita e bastante urgência, procurando nomes novos e capazes de captar votos em massa pelo país inteiro, coisa difícil no momento.
O lulismo e o bolsonarismo saem derrotados em São Paulo surgindo o tarcisismo como força para uma direita que está mais preocupada com um nome capaz de vencer em 2026. Tarcísio mostrou um hábil condutor da nova direita e com a força do colégio eleitoral paulista. Isto pesará muito na escolha da sua candidatura. Por outro lado, a esquerda só possui Haddad como força nacional, nome estabelecido e conhecido. João Campos não atende condições para ser vice e nem Presidente, devido sua idade em 2026, conforme estabelece a Constituição.
Conforme dito, o ciclo de Lula fecha em 2026 e não há coelho na cartola. Uma quarta tentativa presidencial é a negação da oxigenação que a esquerda precisa a partir de agora. O tarcisismo é a nova onda, a esquerda terá que lidar com isto e tentar transformar Haddad em alguém com altíssimo carisma nas pessoas pêndulo, ou seja, podem votar tanto para um lado como outro. Outros nomes são pouco visíveis e terão dificuldade no cenário. Há, num possível desespero, tentar emplacar Geraldo Alckmin, eu não arriscaria devido as votações anteriores. No momento, sobra para a esquerda chapas do tipo Haddad/Tebet ou Haddad/Alckmin dependendo qual eleitorado estará visando. Alckmin terá que verificar se o seu capital político em São Paulo ainda existe após o tarcisismo.
Há uma forte tendência de concentração de forças para 2026 em relação aos candidatos presidenciáveis. Eleição com boas chances de terminar cedo. Não há interesse em ficar testando candidatos que reduzam o potencial de nenhum lado ideológico, colocando mais nomes para complicar. Isto resulta em acordos extensos e complexos que serão trabalhados desde já. Certamente, veremos Haddad/Tarcísio no 2º turno caso estejam elegíveis. Os pesos das abstenções, nulos e brancos. farão toda diferença quando lá chegar. Nota-se uma parte da capital paulista não atendida com nomes ou pelo baixíssimo nível dos debates, não estimulando nem ao comparecimento. Obriga as mudanças e ajustes, os ideológicos terão que trabalhar nova postura para captar este eleitorado.
Por fim, foi a pior eleição paulistana em toda sua existência contemporânea. Marçal foi uma onda e quem votou no 1º turno nem sequer fidelizou sua condição ao coach no 2º turno indo para o lado de Nunes. A violência foi nítida com cadeirada e soco, mostrando um esboço muito negativo para 2026 e que deve ser evitado. Tabata vem com força para 2032 e não 2028 precisando marcar seu capital político com maior força e pouco a pouco. Nunes, o eleito, dependerá mais de Tarcísio para voos maiores. Ele não emplaca eleitoralmente sem ajuda, confirmando que sua eleição foi pelo lado ideológico e não pelas propostas na mesa. A esquerda sai derrotada e precisará recomeçar do zero para tentar fazer frente ao tarcisismo e a direita em geral. A direita conversa bem com a extrema-direita e caso não feche bom acordo, há riscos para candidaturas muito extremistas, colocando em xeque o próprio nome indicado como força concentradora de votos. O cenário está desenhado e veremos se acontece.
Bom trabalho para vocês.
|