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🔵 A coisa
Rafael da Silva Claro


Chamei o meu amigo. Demorou, mas eu insisti porque a luz acesa denunciava alguma presença. A irmã mais velha dele atendeu. Achei que ele não estava. Engano. Eu havia interrompido uma sessão de retirada de um furúnculo. Eu não poderia perder aquele espetáculo de sofrimento, dor e lágrimas. Não sei se ela percebeu a minha insistência em ficar para a “cirurgia”, mas me convidou para assistir ao resultado. Como já esperava aquilo, fui logo entrando na casa.

O nome era repulsivo como o de uma meleca cósmica. Desconfiando que aquele ferimento não poderia ter surgido nesse planeta, procurei manter uma distância segura, de modo que eu jamais fosse atingido pela infecção que deveria ser interplanetária. Eu mantive a expectativa de assistir a algo comparável a uma ficção científica dos anos 50. Definitivamente, aquela coisa não era humana.

Sobretudo na escola, eu já havia visto braço, perna e outros ossos quebrados, bem como, outras mazelas infantis que temporariamente ausentavam alguém, tipo sarampo, catapora e piolho, mas aquela ameaça alienígena sendo estirpada seria inédito. Juro, eu veria aquilo da arquibancada, com pipoca e refrigerante. Mesmo que aquela coisa não tivesse origem espacial, se eu não visse, duvidaria que aquilo se instalasse no corpo humano e era absolutamente a primeira vez que observava sua extração.

O “bicho” estava alojado nas costas. Sua irmã parecia confiante, como quem sabia o que estava fazendo. A moça apertava como uma espinha, só que muito mais forte. Por algum motivo, ela parecia estar se vingando do pobre irmão. Realmente, aquilo parecia uma sessão de tortura medieval.

O sofrimento dele me convenceu a tomar cuidado para nunca virar um “hospedeiro” daquilo que eu mal sabia o nome. Ver meu amigo chorando de dor parecia imperdível, porém, fiquei impressionado com o que presenciei e agradeci por não ter que passar pelo mesmo.

Fui advertido e me afastei com a iminência de estourar aquela montanha purulenta.

A criatura que havia se apoderado do meu amigo foi eliminada, portanto, o show acabou, e ele foi liberado. Livre daquela desgraça, fomos jogar bola e esquecer que algo tão horrível pudesse existir.




Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
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