Carlos Jordy é o líder da oposição na Câmara Federal. Acharam uma mensagem no seu celular chamando-o de “meu líder”. Pronto. A “fishing expedition” (pesca probatória) rendeu frutos, encontrou o “crime” que tanto procurava. Essa estratégia inverte a lógica jurídica, ou seja, escolheu alguém para atribuir algum crime.
Seguindo essa lógica, qualquer baiano que saúda com um simpático “meu rei” corre o risco de ser algemado, no mínimo, levanta suspeitas. Ora, o cumprimento nunca deu direito a um trono nem coroa a ninguém, muito menos cedeu poderes vitalícios ou garantiu o direito à sucessão hereditária. Simplesmente, a saudação baiana é um jeito calmo de trocar uma fita do Senhor do Bonfim, uma fotografia com uma típica baiana ou qualquer suvenir soteropolitano. Enfim, não é um “beija-mão” entre súdito e soberano.
É bom os garçons começarem a moderar o vocabulário. Na música ‘Saideira’, o grupo ‘Skank’ cita alguns vocativos usados por garçons ao atender os “cervejólatras”: comandante, amigão, chefia, capitão, tio, brother, camarada. Historicamente, jamais alguma dessas abordagens se referiu a algum grau de hierarquia, parentesco ou amizade. Simplesmente, é um modo consolidado para os atendentes “quebrarem o gelo”.
Em jogos de futebol é comum vários torcedores mais exaltados soltarem um “esse juiz vai morrê”. Ninguém vai interpretar esse claro exagero como uma ameaça de morte. Confesso: com uns 12 anos, devo ter desejado a morte de algum árbitro que não deu um pênalti ou uma falta pro meu Corinthians. No entanto, quando a partida acabava, eu me conformava, até esquecia do erro, e achava justo que aquele homem de preto continuasse vivendo.
Pois bem, muito cuidado, a mais alta corte brasileira está interpretando conversas de boteco, trocas de mensagens no grupo da família e palavras hiperbólicas como “provas” de crime. Parece uma distopia daquele cinzento Leste da Europa dos anos 80, mas é a realidade do “democrático” “País Tropical” de 2024.
⚫️ “Mostre-me o homem, e eu lhe mostrarei o crime”
(Laurentti Beria)
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