Vivemos uma época de relacionamentos doentios. A gente se vê sem se falar, fala sem se tocar, se toca sem sentir. Joguinhos de desinteresse para alimentar o próprio ego. É tanto desinteresse que demonstrar amor é um perigo social! Quando assisti Entergalactic, série da Netflix, voltei a torcer por um romance, não um daqueles melodramáticos, aqueles reais nascidos de uma conversa na rua.
As produtoras de streaming vêm dando mancada com relação às histórias de romance, gênero que até outro dia carecia de algum fôlego. Entergalactic passa ao longe dos clichês e estereótipos dessas histórias. Geralmente, um cara bobão que mora no sótão da mãe e a mulher empoderada que é altamente exigente a ponto de ficar aos quarenta anos e solteirona. A obra não se trata disso aí.
A trama envolve um relacionamento entre o protagonista Jabari, um ilustrador e Meadow, uma fotografa. Jabari é um jovem solteiro que ainda vive balançado pela ex-namorada, a bela Carmen. Meadow busca fazer a sua arte ser reconhecida, e conquistar um espaço nas galerias de arte. Os dois se conhecem ao acaso, e juntos, escrevem uma bela história. De vizinhos passam a ser namorados.
A obra é recheada de referências e simbologias. Consegue unir a linguagem das redes sociais a uma boa história romântica, com muito bom humor. Os amigos do casal de protagonistas, ao relatarem as suas diferentes histórias nos relacionamentos, vão compondo experiências, às vezes boas, outras ruins, algumas beiram o absurdo de tão hilárias. Amar também envolve decepções, quebra de expectativas e perdão.
Dirigido por Fletcher Moules, a escolha de uma animação 3D para a série foi uma sacada. Ela permitiu uma viagem lisérgica que se relaciona muito bem com a trilha sonora de trap e rap, com muito do Kid Cudi, que também roteiriza. Recomendo muito. Cansado de romances piegas ou comédias românticas sem graça, assista Entergalactic, você passa cada minuto sofrendo, torcendo e pedindo que tudo termine bem no final.
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