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A arma faz o bom soldado
Caliel Alves dos Santos

Resumo:
Ótimo álbum de quadrinhos de ficção científica militar.

Existem poucas coisas que vendem como água nesse mundo como histórias de guerra. Muitas são as narrativas que tratam desse fenômeno da realidade humana. E uma das coisas que mais nos fascinam e nos provocam medo é a tecnologia bélica. Uma história em quadrinho que tem uma arma como protagonista pode parecer assustadora à primeira vista, mas ao fim da leitura, o que era uma simples inovação se torna reflexão.
O Coronel foi um álbum publicado pela Nemo em 2012, com roteiro de Osmarco Valladão e com desenhos de Manoel Magalhães. Os traços são cartunescos, mas a narrativa é fluída e traz um conto com estudo de personagens muito bem elaborado. Embora se passe num futuro, talvez não tão distante, o foco é minimalista, mais denso em crítica social. Mostra de maneira crua a fetichização das armas de guerra.
A obra inicia com uma reunião de cientistas e cúpula militar como um breve prólogo. Uma nova tecnologia bélica será apresentada: um fuzil com uma inteligência artificial. O invento teria a proposta de melhorar a atuação do soldado em campo e diminuir corte com gastos militares. O nome da arma é Coronel, exatamente, o fuzil também tem uma patente. A arma dá ordens ao soldado.
O primeiro capítulo dessa trama, se assim posso chamar, se passa numa lua onde dois exércitos travam batalha. O nosso protagonista é o cabo Isayah Kassian. Ele testa, ou melhor, serve de cobaia para o experimento de guerra. Com a relativa autonomia da arma, o cabo começa a se questionar o papel que desempenha naquela guerra. O roteiro apresenta dilemas bastante coerentes com a trama abordada.
No desenrolar da história, uma nave coletora de sucata encontra Coronel. E a arma inteligente vai parar nas mãos de uma pessoa frágil e propensa a violência. Esse segundo capítulo me fez refletir o perigo da filosofia armamentista, pois, as armas são criadas para matar, e nem todos estão preparados para ter uma em suas mãos. Principalmente se a arma controla aquele que a possui, simbolicamente falando.
Osmarco Valladão é designer gráfico, colorista e também elabora roteiros intrigantes. Manoel Magalhães tem boas obras o currículo, como o álbum O Instituto, pela editora Aeroplano. A obra tem 56 páginas, totalmente colorida e tamanho big. A impressão e a encadernação estão ótimas. É bem gostosa de ler, e o preço é sempre convidativo.

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Biografia:
Caliel Alves nasceu em Araçás/BA. Desde jovem se aventurou no mundo dos quadrinhos e mangás. Adora animes e coleciona quadrinhos nacionais de autores independentes. Começou escrevendo poemas e crônicas no Ensino Médio. Já escreveu contos, noveletas, resenhas e artigos publicados em plataformas na internet e em algumas revistas literárias. Desde 2019 vem participando de várias antologias como Leyendas mexicanas (Dark Books) e Insólito (Cavalo Café). Publicou o livro de poemas Poesias crocantes em e-book na Amazon.
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