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Pluralidade familiar no Brasil
Flora Fernweh

Em sua obra “Cem anos de solidão”, o escritor Gabriel García Márquez retrata o cotidiano de uma aldeia, tendo como base narrativa a diversificada teia familiar na qual os conflitos se desenvolvem. De modo análogo, pode-se observar que, na contemporaneidade, a Família quanto instituição permanece como um importante pilar social, incorporando novos valores e modificando-se. Nesse sentido, pode-se inferir que a aceitação da pluralidade familiar configura-se como um desafio, e que apesar de pautas já conquistadas, encontra ainda dificuldades práticas de efetivação.

Primeiramente, convém ressaltar que embora novas reivindicações e demandas surjam no contexto atual, a família é um modo de organização muito antigo, representada inclusive nas inscrições rupestres de Lascaux. Entretanto, problemáticas referentes ao gênero, idade, etnia e condição financeira, persistiram no decorrer dos séculos. Tal comparação sugere, do mesmo modo, um preconceito presente, uma vez que o padrão de vínculo de afeto protegido pela Lei no Brasil privilegia casais heterossexuais, monogâmicos e que têm filhos. Por conseguinte, muitas outras mazelas existentes no núcleo familiar, como a violência doméstica, passam a ser relegadas ao segundo plano.

Ademais, são perceptíveis os recentes progressos graduais no direito de constituição familiar no âmbito legal. Todavia, a real inclusão dos novos perfis familiares define-se como um obstáculo. Para retratar tal afirmação, dados do Censo de 2010 indicam que menos de 30% dos casais homoafetivos sentem-se integrados à sociedade. A partir desse levantamento, nota-se a ineficácia na aplicação dos projetos de inserção, visto que a revisão de opiniões impostas culturalmente deve, sobretudo, sugerir perspectivas que englobem o amparo, a segurança e a liberdade de expressão e de escolha por parte dos indivíduos, em consonância com o Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Portanto, diante de uma conjuntura marcada pela sub-representatividade dos modelos familiares e da dificuldade em transpor as barreiras do discurso que enaltece a “família tradicional”, é imprescindível que o Governo Federal, com apoio das Prefeituras, regulamente, de forma efetiva, a pluralidade nos mais variados âmbitos, por meio da criação de um projeto de integração que torne a realidade das famílias visível a todos os cidadãos. Assim, com o intuito de redimensionar as demandas familiares, será possível assegurar o respeito à diversidade em múltiplas esferas.


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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