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A mendiga e a galinha
Cláudio Thomás Bornstein


Sinal dos tempos. Para fazer companhia ao mendigo na fria solidão das ruas e calçadas, nem mais o cachorro tem vez. Cachorro precisa de comida. E mesmo que o cachorro seja pequeno, mesmo que coma resto de comida, será que resta comida nestes tempos sombrios?

Outro dia eu vi uma mendiga perto do prédio onde moro. Era muito miserável, muito suja e maltrapilha. Nem sandália havaiana tinha, andava descalça. A cabeça não devia funcionar muito bem, porque ela só falava coisas desconexas. O português dela mal dava para pedir esmola.

A única companhia dela era uma galinha. A galinha ciscava nos canteiros, era um grãozinho de arroz aqui, um farelo de pão ali, uma formiga acolá. A mendiga conversava com a galinha e, não sei se era imaginação minha, mas a impressão que eu tinha, era que a galinha entendia. Entendia ao menos que o lugar dela era ali, junto da mendiga que conversava com ela, apesar do trânsito, bicicletas, carros e pedestres.

Nenhum pedestre, dos muitos que passavam, prestava atenção nem na mendiga nem na galinha. Mas a galinha sim, prestava atenção no que a mendiga dizia. Volta e meia parava de ciscar, levantava a cabeça e escutava interessada. Olhava a mendiga, a mendiga olhava para ela e trocavam olhares.

Sinal dos tempos, foi o que eu pensei. No prato do pobre sumiu o frango, sumiu o feijão. Sobra só arroz com macarrão. E a galinha dá ovo e o ovo pode dar um colorido ao arroz com macarrão.


Biografia:
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