O peixe da semana santa
Para quem mora ou já morou no interior sabe que o período da semana santa é uma data icônica. Isso porque, é aquele período em que o prefeito faz a distribuição do peixe. Momento esse, em que a população mais carente se reúne para receber essa iguaria. Corvina, vermelho, tilapia, dentre outros. Mas aquela quinta- feira fora diferente, não por que havia uma quantidade ínfima de pessoas, pelo contrário, havia uma quantidade bem maior, se comparada aos anos anteriores. A distribuição do peixe muda o cotidiano da pequena cidade. Homens, mulheres e crianças aglomeravam o pequeno centro de abastecimento com uma fila gigantesca para pegar aquele alimento que não podia faltar na sexta-feira santa. Até a polícia fora chamada para tal evento. E eis que polícia e outras autoridades reunidas, ouve-se um furdunço, próximo ao banheiro do centro de abastecimento. Era Luciene, funcionária pública do município, revoltadíssima, pois não tinha direito a degustar do peixe distribuído pela prefeitura. Dizia ela aos gritos: “Eu quero meu peixe, quem tem condições tá pegando, eu quero meu peixe.” Um transeunte que passava na hora do furdunço gritava: “vai pescar no Rio da Preguiça”. Outros diziam: “tudo isso por um peixe”. Luciene não parava de gritar. De repente um homem se aproxima de Luciene, e cochicha algo em seu ouvido, não se sabe o que aquele homem falara, mas algo que ele tenha falado cessou o furdunço que Luciene estava causando. Ou o homem lhe prometera o famigerado peixe da semana santa, ou lhe contou algo que poderia lhe prejudicar no seu serviço. Isso não poderei descobrir, mas que Luciene com certeza comera seu peixe, da prefeitura ou não, isso sim, com certeza, aconteceu. Pois aqui, na sexta-feira santa se come peixe.
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