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CORAGEM, SACRIFÍCIO E VALORIZAÇÃO DA FAMÍLIA
Alexsandre Soares de Lima



Euristércio, um senhor sexagenário, conta para o seu filho Bento como era o Natal na sua infância no sítio em Varre-sai, no interior do Estado do Rio. As luzes de Natal...! As únicas que representavam a alegria, as luzes artificiais do pisca-pisca na árvore. Euristércio morava com a mãe e com o filho. O ano de 2020 foi muito difícil, pai e filho se abraçaram e choraram muito. Dona Lúcia, mãe de Bento, havia falecido vítima da Covid-19. Bento, um rapazinho de 12 anos, era muito amoroso, tranquilo e com sensibilidade à flor da pele. Sentiu muito a perda de sua mãe, que era uma mulher cheia de vida, lutadora, foi dançarina, se apresentava em programas de televisão. Amava crianças! Depois de sofrer dois abortos espontâneos, ela e Euristércio adotaram Bento num orfanato em Itaperuna. Era uma mulher que vivia com um sorriso no rosto, embora tivesse passado por tantas guerras.... Um sorriso que faz muita falta, o sorriso de Dona Lúcia! Ou Lucinha como os amigos a chamavam. E nestes dias em que se aproxima o Natal, Seu Euristércio conta para o filho como era o Natal em seus tempos de menino. A história de Seu Euristércio, embora tivesse algumas passagens engraçadas, era na verdade um drama.
O pai queria distrair um pouco o filho, mesmo sendo uma situação muito difícil. Porque ninguém quer perder seu pai, sua mãe... Família é um coração! E quando um ente querido nos deixa é dolorido, dói realmente o coração. Família é um coração! Seu Euristércio, pra animar um pouco o filho, contou suas histórias. 1970, época em que era uma criança de 9 anos. Contou que a Ceia era uma mesa farta! Não existia essa coisa de comprar as aves natalinas, o peru congelado no supermercado. O peru era abatido na hora, dava primeiro cachaça pra embebedá-lo até ele ficar rodando, tonto. Porque a carne do peru é bastante dura, então é difícil matá-lo sem ser dessa maneira ( deixá-lo tonto para depois vir com a faca já cortando o pescoço.) Bento ficava impressionado, ouvindo atentamente o pai a falar sobre a mesa farta, o costume de ir pra igreja assistir a missa do Galo, a roupa nova... Muitas lembranças.
Seu Euristércio falou com o filho que seu pai, o avô de Bento, era um senhor bem rígido, bem conhecido na região. O chamavam de coronel, por ele ter sido realmente um coronel do exército, e ficou esse apelido. Era um senhor autoritário, não admitia que as crianças fizessem bagunça em volta da ceia, as crianças ( primos de Euristércio) queriam comer, beliscavam alguns quitutes, pegavam rabanadas, as frutas... Já ficavam logo de olho no pudim,no bolo, no peru. Seu Arlindo, o coronel pai de Seu Euristércio, não arredava pé! Ficava sempre vigiando a mesa. Todos, quando o relógio marcava meia-noite, tinham que se assentar à mesa pra ceiar. E era uma coisa bem tradição mesmo! Seu Euristércio também disse que foi mais ou menos nessa época que conheceu Lucinha, a mãe do garoto, e foi um sentimento que surgiu aos poucos. Primeiro foi amizade e no outro ano ( Natal de 1971) aí é que começaram aqueles namoricos de criança. Mas Seu Arlindo ficava sempre controlando o filho, não o deixava namorar. Eram namoros escondidos dos pais. Bento sempre ligado nas histórias do pai.. ! Nas lembranças de infância, juventude... Dos beijos escondidos, dos passeios ao cinema já na fase da juventude.
O namoro de Euristércio e Lucinha se deu no Natal de 71, ambos ainda quase pre-adolescentes. Eram namoros discretos, apenas um olhar, um sorriso e o coração acelerado. Lucinha morava numa casa bem simples, enquanto que Euristércio morava num sítio grande, confortável... O coronel não dava moleza pro filho! Euristércio trabalhava duro, pegava firme na enxada! Sempre quando Euristércio se preparava para encontrar com Lucinha, o coronel inventava de mandá-lo realizar alguma tarefa. Não queria saber de história de criança namorado! Euristércio estava a cada dia mais encantador por Lucinha. O coronel era um homem insensível, um ser humano desprovido de bom coração.
Naquele Natal de 1970, a mesa foi farta: muitas frutas, rabanada, pudins, bolos... Tudo do bom e do melhor! Vinho da melhor safra e o que não podia faltar: o peru de Natal! A mesa era farta, mas corações estavam vazios. O filho tinha medo do pai, o temido coronel. Um homem que usava de seu poder na cidade só pra obter vantagens. Humilhava a esposa, e todos sabiam que ela a traía ( E inclusive ela mesma sabia ! Mas não se separava do marido pois dependia dele. O coronel mesmo já havia lhe falado que se ela o deixasse moraria na rua e não teria direito a nada, ele iria proibir quem quer que seja de oferecê-la abrigo. Até o padre da cidade foi ameaçado. Por isso, Euristércio só tinha uma única coisa que ele mais gostou em sua infância: ter conhecido Lúcia. Lucinha era menina valente, não tinha medo do coronel não! Era bem atrevida, Euristércio até ria da ousadia da miúda. Queria ter a coragem que ela tinha. " O senhor vai morrer e não vai levar dinheiro, não vai levar esse " poder " fajuto que o senhor tem! " " A mão de Deus vai pesar na vida do senhor, pois nem a igreja, nem o padre o senhor respeita! " " Coitada de Dona Mirtes, senhora sua esposa! Eu e seu filho vamos tirar ela de suas garras! " Euristércio ouviu, e começou a gelar, com medo de apanhar do pai. Lucinha falou para Euristércio que sua mãe iria morrer se continuasse com o coronel. Ela já estava morrendo aos poucos, bem magra, saúde debilitada, depressão, complexos... Mas um belo dia, quando ambos os jovens já estavam com dezoito anos, aconteceu uma situação muito triste. O coronel já sabendo dos planos do filho e nora de tirar-lhe a esposa ( eles há alguns anos vinham tentando em vão) mandou que seus capangas lhe dessem uma boa surra até deixá-lo acamado, todo quebrado. Numa noite em que Euristércio vinha a pé da casa de Lúcia, ao passar na estrada de barro, foi cercado por homens encapuzados que já chegaram lhe socando sem dizer nada.
Euristércio já estava um tanto longe da casa de Lucinha, mas mesmo assim gritou pedindo ajuda. Os homens batiam e ficavam rindo.
Deixaram Euristércio estirado na estrada, todo ensanguentado. Logo ao amanhecer, quando Lucinha estava indo ao açude buscar água, viu seu amado praticamente desfigurado.
Imediatamente foi socorrê-lo ! Lucinha falou com seus pais e chamaram ambulância. Euristércio ficou mais de um mês internado. Lucinha todos os dias ia visitá-lo. Sempre orava a Deus pela recuperação do amado. Aos poucos, Euristércio foi recuperando os sentidos. Passou por um grande livramento de Deus, pois era pra ter morrido. A situação triste também mostrou-lhe que Lucinha era uma jovem de Deus. Era uma pessoa que sempre queria pra vida toda! Uma pessoa boa assim como sua mãe, tão humilhada e desvalorizada pelo pai.
Mas ele jamais iria tratar uma mulher como o pai tratava. As festas no sítio do coronel, os Natais, e outras festividades eram tudo alegria artificial, tudo fachada! Euristércio vestia roupas novas, mas sua alma parecia um pano roto de tanta tristeza. Euristércio decidiu que não iria mais ficar na dependência do pai e foi à luta, se desfez de todos os complexos e foi morar com Lucinha. Alugaram uma casinha de dois cômodos apenas, Euristércio que era filho do homem mais poderoso da cidade! Fez de tudo na vida, ralou muito! Mas qualquer sacrifício era melhor que ficar sendo humilhado pelo pai, e também a questão de ficar vendo a mãe sofrer. Passaram-se dez anos, juntou um bom dinheiro neste período. Euristércio e Lucinha já estavam morando na capital carioca! Um dia eles assistindo televisão, viram o noticiário anunciando a morte do todo-poderoso Coronel, o autoritário manda-chuva de Varre-sai. Sofreu um infarto fulminante quando estava fazendo amor com uma de suas amantes. A mãe de Euristércio, na cadeira de rodas, também assistiu a reportagem e uma lágrima rolou de seu rosto. Uma lágrima de alívio! Uma reação de felicidade! Ela nem falava nada, o trauma a deixou muda! Mas aos poucos Euristércio, sua mãe e Lucinha foram tocando a vida em paz! Lógico que em nossa vida nem tudo são flores! Sempre tem alguns percalços...
Lucinha sofreu dois abortos, todos os dois bem no início da gestação. Euristércio foi contando para o filho toda a trajetória de sua vida, até chegar no momento mais feliz de sua vida, quando viu no orfanato uma criancinha fofa, de olhos arregalados que já veio lhe abraçando. Euristércio e Lucinha não tiveram nenhuma dúvida, era aquela criança que iriam adotar. Bento ouve o pai contar e vem uma lembrança bem longe em sua mente. Ele abraça o pai, e chora. Bento chegou com sua alegria. Euristércio e Lucinha paparicavam o filho. Tudo ficou em paz!
Depois de uma vida inteira de terror, a verdade começou a prevalecer, o amor. As festas de Natal não eram mais uma mera Comemoração religiosa! A família realmente estava unida de corpo, alma e espírito! Lucinha era muito amorosa cim com o filho. O menino lembra com carinho da mãe, mulher forte e guerreira. O último presente que a mãe lhe deu foi uma espada e um escudo, uma fantasia de um super- herói que ele era fã. Lucinha, mãe e mulher guerreira, infelizmente morreu neste ano. Foi vencida pelo coronavírus. Mas Bento, seu pai Euristércio e sua avó Mirtes sabem que Lucinha estará sempre com eles. Ela deixou uma lição de coragem. Ela era mulher de Deus. O Senhor Jesus nos deixou o ensinamento de amor, coragem, sacrifício e valorização da família! Tudo isto se resume no Natal! Feliz Natal pra todos! Que não haja amor somente neste dia, mas todos os dias, a luz, a compreensão, a verdade, a solidariedade, a paz! DEUS ABENÇOE INFINITAMENTE A TODOS!

( Autor: Poeta Alexsandre Soares de Lima)


Biografia:
Eu me chamo Alexsandre Soares de Lima, nasci em Meriti, no Rio de Janeiro no dia 22 de abril de 1976. Sou o poeta que fala da importância de viver na luz do amor. Sou autor de dois livros de poesias, o primeiro lançado em 1996 ( ENGRENAGEM) e o segundo lançado em 2005 ( COM O OLHAR FIXO NA ALMA ). Escrevo diariamente poesias na minha página do Facebook ( POETA ALEXSANDRE SOARES DE LIMA ), já publiquei em diversos jornais e revistas. Tenho canal no YouTube, se chama POEMAS DO OLHAR FIXO NA ALMA, em cada vídeo eu crio na hora poesias sobre amor, amizade, solidariedade e fé em Deus. Meu lema é VAMOS ESPALHAR O PERFUME DO AMOR E DA POESIA PELO MUNDO!
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