Quem é meu filho?
Quando encontramos uma gestante é comum dizermos:
_Que Deus lhe ajude na hora do parto e o mais importante que venha com saúde!
Que venha com saúde! Complicado isso!
Quando uma criança é concebida é uma nova história que se inicia e este ser vai sendo formado independente do que esperamos ou planejamos para ele. A bagagem emocional, espiritual e física é exclusivamente dele, a mãe empresta o seu útero durante todo o período da gestação e fica aguardando cheio de expectativas ou não dependendo de como foi gerado, planejado ou não.
A criança vem ao mundo, primeira coisa que se verifica se é perfeito fisicamente e aí são colocados em prática os planos em relação a ele, se vai assumí-lo, dar para adoção, jogar no lixo, abandoná-lo em um lugar qualquer, se o companheiro vai estar presente em todos os sentidos ou se vai deixar a mãe sozinha.
E agora a criança está ai e o que foi feito, assumida em todos os sentidos ou abandonada a própria sorte?
Se abandonada quais os planos desta mãe, sentirá culpa ou não, terá mais filhos e repetirá o mesmo feito, agirá como se tivesse tirado um fardo dos seus ombros?
O companheiro que resolveu abandoná-la como reagirá, vai esquecer esta criança ou vai mesmo de longe ser um pai de self como é comum nos dias atuais, postar fotos da criança, mas sem assumir nenhum tipo de compromisso, terá mais filhos e também deixará a companheira?
Bem se os pais resolveram assumí-la em todos os sentidos, as visitas irão conhecer o novo membro da família e tecerão comentários, ás vezes não muito agradáveis, como:
Nossa que criança linda, não se parece com ninguém da família! Tadinho nasceu sem o bracinho! Ele não vai enxergar? Ele é muito pequenino!
Visitas, familiares, amigos, todos focados na parte estética e assim vai durante toda a existência da criança, adolescente, adulto,...
Quando perguntam você tem filho? Como ele é?
São enumerados todos os pormenores estéticos, cor da pele, cabelo, gordo, magro, baixo, alto, deficiente.
E quando a referência é como ele se comporta no convívio social e familiar? Os pais, familiares, cuidadores, amigos, tecem comentários, ás vezes, não muito agradáveis como birrento, bocudo, chorão, teimoso, encrenqueiro, drogado, bêbado, vagabundo, ... Ou então, criando filho para eu cuidar, está preso, de novo, batendo na mulher,...
O ser humano se esquece, muitas vezes, facilmente do seu próprio histórico de vida de como foi a sua infância, adolescência, vida adulta, relacionamentos, filhos gerados.
Se sofreu abandonos, rejeições, maus tratos em todos os âmbitos, privações alimentares, frio, medo,... enfim, dos exemplos que deixou por toda a sua existência e que foi responsável, mesmo sem se dar conta, pelas escolhas de alguém próximo.
Pais violentos, valentões, familiares rancorosos, orgulhosos, preconceituosos, com relacionamentos direcionados para violência, brigam, se agridem física e psicológicamente e depois se abraçam e fazem as pazes, como se fosse normal agir dessa forma, cometem atos ilícitos, mentem, não valorizam o trabalho, a família, não conseguem dialogar sem xingamentos, palavrões, não respeitam idosos, deficientes, os deveres, só exigem direitos, se fazem de vítima social, não arcam com as consequências das suas escolhas, diz que a vida é dele, mas quando algo dá errado, obriga todos a sua volta, a ajudá-lo.
Então, quando são esquecidos históricos de vida e agem como foi acabado de citar, é deprimente pois serão criados filhos, familiares que poderão copiar estes exemplos, achando normal agir assim.
Vou retomar a pergunta do tema desta explanação, quem é seu filho?
Será que os pais, cuidadores, familiares serão capazes de responder esta pergunta, observando os sinais que os bebês, crianças, adolescentes e adultos, apresentam a todo instante?
Pelo olhar, expressões faciais, comportamentos sociais, choro, escolhas dos amigos, preferências por algum familiar e o porquê, como é o seu sono, rendimento escolar se está comprometido por algum problema de visão ou audição , sonhos, medos. Interpretar a sua maneira de falar, se está mentindo, tentando manipular, se está dando indícios de que possui ideias suicidas.
Conhecer o ser que gerou, saber que pode nascer deficiente, com desvios de caráter, tendências menos dignas, que será exemplo para este ser, que se decidir abortá-lo, abandoná-lo a própria sorte, se não conseguir interpretar os sinais que demonstra a todo instante, os seus medos, as suas angústias, as suas dificuldades de fazer escolhas e arcar com as consequências, de aceitar o não como resposta, será a única pessoa responsável por este ser se tornar um indivíduo-problema, e se perguntará indefinidamente, aonde foi que eu errei?
O filho tem de ser visto por inteiro, pais, devem detectar sinais que poderão se encaminhar para um desfecho difícil de reverter futuramente. Independente da idade, classe social, a partir do momento que a criança foi gerada os pais são os únicos responsáveis pela sua trajetória de vida dentro da moral e da ética.
|