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Cada vez mais sofisticadas, não está longe de serem as manchetes nos jornais: ”Guerra Napolitana: Míssil sabor chocolate atinge escudo de baunilha com morango”
Mas abro os jornais e não as vejo mais. Algumas recebiam perfume francês; outras: perfume barato.
As penteadeiras... Quem lembra?! Penteadeira, menina, era aquela mesinha com espelho grande, banqueta e gavetas para as mulheres se pentearem, muito usadas no século passado. Hoje só encontradas nos antiquários. A cômoda tomou o seu lugar. Não tem a mesma delicadeza. A cômoda é a madrasta da beleza. E não tenho o mesmo respeito por ela. Quadrada!
Nos anos 70 era comum entrarmos nos quartos das casas e nos depararmos com essas penteadeiras e sobre elas multidão de vidros de perfume. Mesinhas coloridas, já que acabando os perfumes eram substituídos por água e corante, porque os vidros eram agradáveis de se olhar.
A penteadeira da Teresa era assim, repleta de líquidos rosa, vermelho, azul, verde, lilás, sob a luz fluorescente, lembrando aquelas belas barbearias de outrora. O problema era quando se tinha uma penteadeira como a de Teresa e uma Teresa nervosa e um marido implicante: Maelzinho.
Certa vez, brigando, Maelzinho quis avançar e dominar Teresa, e até avançou da cozinha para a sala, porque no quarto ele não entrou. Os vidros de perfume voavam feito mísseis para cima do inimigo. Alguns vidros mal fechados iam deixando rastros verde, vermelho e amarelo no ar como se fossem traçantes.
Terminaram os vidros da mesinha! Esgotada a munição, Maelzinho viu que era hora de avançar e dominar Teresa Tigresa. Mas mulher também tem seus segredos de Estado. A penteadeira não tem gavetas?! Estavam cheias; um arsenal. E Maelzinho que se desfez do escudo antividrodeperfume teve de recuar, ir para a rua.
O Maelzinho desse século é o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que pede às outras Nações poderosas que digam mais ou menos o tamanho dos seus arsenais. Mas qual a Teresa vai dizer quantos vidros de perfume há nas gavetas de sua penteadeira? É segredo de Estado!
Peço licença para pentear este assunto sem o vento da pressa, porque não é bom que o leitor acorde, abra o jornal e dê com uma crônica descabelada. Bastam os sustos diários.
Sarkozy quer voltar à moda das penteadeiras, com apenas duas gavetas, onde só caibam menos de 300 ogivas. Uma guerra de penteadeiras e não de cômodas. As cômodas têm mais gavetas. Há cômodas com dez... A Teresa francesa se adiantou em dizer que tem menos de 300 ogivas. Digamos 299. As outras Teresas, nada bobas, também confirmarão menos de 300, claro, 299.
- Vc acredita menina, em Monsieur Sarkozy?
- Sim... Uma mentira puxa outra! Pelo jeito não há na França, ditados semelhantes a: Falar sem pensar é atirar sem mirar; a quem tudo quer saber, nada se diz; nem todas as verdades se dizem; Guerra é guerra e não se entrega o ouro ao bandido.
E num combate caseiro, suponhamos, Sarkozy está lá com seu escudo antividrodeperfume, contando: “um, dois, três, quatro... Duzentos e noventa e nove! Acabou! Acabou! Grita ele no estilo Copa do Mundo, e ao partir para o ataque, pelo buraquinho em seu escudo espera ele, sentada à penteadeira, sua Teresa abrir as gavetas e finalmente invadir o quarto e dominá-la, mas dá de cara com sua Teresa numa cômoda com mais gavetas, gavetões. É a guerra!
Teremos um Maelzinho colorido de vermelho viscoso, andando pelos bairros de França, com o charme de ter sido agredido com perfume francês.
- Ora, ora, a um bom francês meia gaveta basta.
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