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A vez do ciclone
DIRCEU DETROZ

Mesmo assustado com algo que nunca tinha visto antes, quando o vendaval atingiu Rio Negrinho - SC na tarde de quarta-feira primeiro de julho, pensei ser um fenômeno isolado. Os telefones celulares e a internet deixarem de funcionar poderia ter por causa falta de energia elétrica. Quem ainda tinha telefone convencional recorreu a ele. Quem deixou de ter, possivelmente se lembrou dele. Agora pensarei duas vezes antes de me desfazer do meu.

Foi só na manhã de quinta-feira, com a internet voltando a funcionar que a tragédia ficou evidente. Praticamente toda a Região Sul foi castigada pelo mesmo evento climático. Acredito que como o furacão Catarina em 2004, e sem se esquecer do raio quebrando o recorde de duração no planeta, assistimos outro fenômeno sem precedentes na região, apesar de ser comum ciclones se formarem.

Logo o choque dos registros fotográficos da destruição nas redes sociais chamou a atenção da grande mídia nacional. Estações climáticas mediram ventos de 70 a 120 km/h. Árvores foram arrancadas do chão pela raiz. Telhados pareciam folhas de papel voando em todas as direções. Sem precedentes também, foram os estragos na rede de energia elétrica. Dez foram as vidas humanas levadas pelo ciclone.

A nomenclatura “ciclone bomba” foi incluída ao nosso vocabulário. Reportagens da BBC News, jornal O Globo e revista Veja, ajudam entender como um evento com essa capacidade de destruição se formou tão rápido. Veloz, atravessou toda a Região Sul de Oeste para Leste praticamente numa tarde.

O nome ciclone vem do efeito de centrifugação criado pelos ventos e a rotação da Terra. Sua formação acontece quando o ar frio do continente se choca com o ar quente vindo do oceano. Ocorre então uma queda na pressão atmosférica. que é o peso na coluna de ar sobre a terra. Na Argentina e no Paraguai, onde o ciclone se formou as temperaturas estavam elevadas. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina as temperaturas estavam baixas. Isso potencializou o evento.

Um especialista ouvido disse que um “ciclone bomba”, não tem ligação direta com as mudanças climáticas. Outro especialista mudou tudo. Disse que o aumento da temperatura dos oceanos fará com que fenômenos altamente destrutivos sejam cada vez mais frequentes. Oceanos mais quentes geram mais energia e ventos mais fortes. Os oceanos estão se aquecendo devido as mudanças climáticas causadas pelos humanos. Não devemos pensar no “ciclone bomba” como um acontecimento isolado.

Como sempre gosto de dizer, aqui no planeta Terra os intrusos somos nós com o nosso também alto poder destrutivo. O planeta sempre está nos enviando suas mensagens de alerta. Como elas não nos chegam por SMS nem por redes sociais não temos a capacidade de interpretá-las. Um dia, e se aprendermos poderá ser tarde demais.


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
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