No ano de 2000 fugi do, então, insignificante carnaval de rua de São Paulo, que hoje -mesmo com coronavírus- grassa por ruas e avenidas. Eu e minha namorada fomos acampar na cidade de Brotas. Camping, natureza, tranquilidade e boa música.
Tudo perfeito, para um feriado idem, quando, de repente, estaciona um ônibus, desembarcando tanta gente, que eu tive que aceitar o Carnaval delivery, ali no interior do estado. O expresso do horror havia embarcado, aparentemente, tudo o que eu queria distância. Falatório, gritos, brigas, correria e... sambas-enredo.
Tudo mudou quando a Patrícia Lucchesi pulou na minha banheira king size, digo, na piscina do camping, onde eu estava. A Patrícia veio no Ônibus Mágico. Então, a aparição daquele coletivo passou a fazer outro sentido. Trazendo a modelo, a fauna acompanhante era até tolerável.
A Patrícia Lucchesi povoou os meus devaneios infantojuvenis -tendo a mesma idade que eu-, por estrelar um comercial e, tempos depois, posar para a Playboy. Foi o mais perto que eu cheguei de uma “capa da Playboy”. Nos anos 80 a revista Playboy era muito popular, porque trazia ótimas, digamos, entrevistas, todos os meses.
Ela nadava na minha frente, como um golfinho, dizendo: “A água está uma delícia”. Os óculos escuros foram imprescindíveis para eu presenciar aquela cena. Depois disso, o Magical Mistery Tour foi muito bem-vindo.
Depois dessa chegada triunfal, a turma do “busão” maneirou e eu consegui ficar longe de qualquer vestígio da festa do Rei Momo. Nessa época, fugir do Carnaval era uma ideia muito comum a todos que moravam na Capital e Grande São Paulo. Conclusão: muitos tinham a mesma solução, por isso, os lugares, antes silenciosos, calmos e com boa música, tornavam-se filiais do fim do mundo. Hoje, não tem pra onde correr, a cidade que já foi o Túmulo do Samba, com o Bruno Covas das covas e o, mais uma vez, coronavírus, São Paulo tornou-se o Túmulo. Mais, São Paulo está prestes a ser a Cidade do Carnaval de Rua.
O título desta crônica foi inspirado na famosa fábula de Charles Perrault. Entretanto, uma fábula mesmo, foi a conta do camping.
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