E se não há perdão,
e se não há redenção,
não há também como
seguir na direção do nada.
O caule da árvore empederniu-se,
mas ela deveria continuar
tenra e fresca.
Se houvesse um resto de lógica
nesta matemática de tira e põem
que vive sua alma, saberia
que os muros foram erguidos
até a alturas dos céus de luzes
para que nunca mais possa ver
um rastro de raio de sol que risca
o azul do céu do lado de lá.
Curva-se em arco sua dor.
Arranca o coração e o joga ao léu,
no saco da lata de lixo
como já foi dito.
É resto, sobra de mesa,
pão asmo,
que nunca foi comido.
Pão amanhecido.
NInguém quis,
ninguém tocou,
ninguém nem orou
sobre os ramos de trigo
que o formou.
Descansa na longitude do amor,
bem longe de onde passam
os anjos que envergonhados
se cobrem no manto da desesperança,
de face erguida à contemplar o sol
que cruza o céu em majestoso,
caminhar alado,
sem perturbar-se
com a dor ou com o amor...
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