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São eles os reis da pista agora...
(Street Dance: o novo sinônimo de dança)
Roberto Queiroz

Quem são esses rapazes e moças que revolucionam a dança todo dia nas ruas, nos programas de tv, nos reality shows? Palmas para eles! O mundo precisa de novas ideias de vez em quando.

Passei por esses dias perto da Praça da Bandeira e me deparei com um grupo de jovens na casa dos 18, 20 anos, adeptos da street dance (ou dança de rua, como conhecemos mais popularmente por aqui) mostrando suas coreografias aos pedestres que por ali passavam. Fiquei encantado!

Por muitos anos fui reticente à causa deles. Talvez por estar acostumado a ver grandes dançarinos como Gene Kelly, Fred Astaire, Mikhail Baryshnikov, Gregory Hines, Michael Jackson, aprontando das suas em clipes e filmes, e acreditar que pessoas comuns, de subúrbio, não fossem capazes de chegar a tanto, que dirá superar o balé clássico, o sapateado e a revolução coreográfica promovida pelo rei do pop. Estava redondamente enganado. Eles estão por aí, com seus estilos diferentes, cabelos e roupas multicoloridas, fazendo das suas. Os breakers, pioneiros do gênero, certamente ficariam orgulhosos.

A história do street dance confunde-se com a do funk, mas também tem suas raízes jamaicanas (leia-se: o Afrika Bambaataa, quando as gangues deixaram as armas de lado e resolveram suas diferenças num outro tipo de campo de batalha). Na apresentação que assisti as apache lines, linhas imaginárias que separam os dançarinos de equipes rivais, estavam presentes e mostravam um pouco do espírito daquela época. Era confronto, não guerrilha com direito a tirar a vida de seu semelhante.

O universo do hip-hop que tornou o street dance a força que é hoje, é dividido em quatro elementos de extrema importância: o rap (sem música não há batalhas que sobrevivem), os DJs (que fazem a massa agitar à base de pancadões e hits furiosos), o grafites (expoente máximo da cultura visual - e marginal - desse segmento) e, claro, a dança.

E cabe aqui um capítulo à parte para falarmos brevemente dos estilos e modalidades que fazem a cabeça desse povo dançarino: o funky chicken (ou locking), mais coreografado, que tomou as pistas de assalto nos anos 80; o popping (à base de contrações musculares); o boogaloo (feito a partir de movimentos circulares com o quadril); o brooklyn rock; o breaking (pioneiro no gênero) e finalmente, o mais aceito entre adeptos, o freestyle (que, muitas vezes, incorpora vários estilos ao mesmo tempo). Nesse último estilo em especial há competições milionárias e famosas premiando o melhor dançarino na categoria. E esses eventos também já tomaram o país de assalto.

Ou seja, aquilo que começou a passinhos pequenos em nossas terras, na década de 1970 e 1980, com Nelson Triunfo e Gerson King Combo, até sua consolidação como movimento hip-hop organizado nos anos 199o, agora adentrou o universo televisivo com extrema força e estrutura extraordinária. Procurem pelos realities de competições no gênero exibidos na tv cabo ou mesmo as equipes que comparecem à programas como American Idol e X-Factor e tirem suas próprias conclusões!

Recapitulando: aquele garoto, de pouco mais de 18 anos, que achava uma enorme loucura, aqueles rapazes de cabelões à la black power, dançando nos viadutos negrão de lima da vida e outras "passarelas" mais animadas, hoje vê mesmerizado a grandiosidade que aquela brincadeira se tornou, com patrocinadores de renome, equipes ultraprofissionais disputando com unhas e dentes cada título, isso fora a quantidade de produções cinematográficas em hollywood na linha Se ela danço, eu danço feitas anualmente.

Em outras palavras, o quarentão aqui parece que envelheceu em demasia e não viu o tempo escorrer pelos dedos, oferecendo novas possibilidades, ritmos e estilos.

Prometo ficar de olho de forma mais atenta daqui pra frente.


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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