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Uma coisa leva a outra! Esta máxima muitas vezes cria pontes que liga uma determinada informação à outra. Esta ligação ou ligações podem ser chamadas de “fator associativo”.
Algo assim acontecera quando lia “Infância e Poesia” de Pablo Neruda, onde o poeta fala a respeito da perseguição aos índios chilenos.
Acossados pelos conquistadores espanhóis, depois de trezentos anos de luta, os araucanos se retiraram até àquelas regiões frias. Mas os chilenos continuaram o que se chamou “pacificação da Araucanía”, isto é, a continuação de uma guerra a sangue e fogo para desapossar nossos compatriotas de suas terras. Contra os índios todas as armas foram usadas com generosidade: disparos de carabina, incêndio de suas choças, e depois, de forma mais paternal, empregou-se a lei e o álcool. O advogado se tornou especialista também na espoliação de seus campos, o juiz os condenou quando protestaram, o sacerdote os ameaçou com o fogo eterno. E, por fim, a aguardente consumou o aniquilamento de uma raça soberba cujas proezas, valentia e beleza Alonso de Ercilla, em seu Araucana, deixou gravadas em estrofes de ferro e jaspe.
O que Neruda escrevera me levara direto para epístola de Tiago, irmão de Jesus.
Tiago 2/ 2-4: Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, e atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
Tiago começa fazendo uma suposição, sendo que a essência de sua conjectura é a distinção entre pessoas, mas o que, deveras nos interessa é o versículo (6).
Tiago 2/ 6: Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais?
O irmão de Jesus começa com uma afirmação, em seguida faz um questionamento, sendo que, a princípio, a segunda parte da indagação, não faz muito sentido para nós, uma vez que não há explicação do porque que os ricos os arrastavam aos tribunais, contudo, a parte final da informação está no capítulo (5).
Tiago 5/ 4-6: Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
Os ricos contratavam os serviços de trabalhadores justos, honestos, por um valor “X”. Quando os trabalhadores iam receber o que tinham direito, recebiam bem menos do que o valor combinado. Aqueles que reclamavam – eram levados aos tribunais, e a sentença era a morte.
É claro que isso me levara a fazer uma rápida reflexão sobre as novas leis trabalhistas que já estão em vigor no Brasil. Na teoria elas são boas, porém na prática, isto é, quando os dois pesos estiverem na balança, ou seja, patrões e empregados, certamente a balança penderá para o lado dos patrões, afinal, estamos no Brasil – o país do jeitinho, do levar vantagem em tudo, dos criminosos de colarinho branco.
No final de uma de suas canções o saudoso cantor Belchior faz a seguinte pergunta: Será que a saída é o aeroporto?
Eu agora faço a mesma pergunta ao povo brasileiro: Será que a saída é o aeroporto?
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