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NAAMÃ E A MENINA ISRAELITA
Juarez Fragata

Prata, ouro e roupas finas. Estas três coisas eram a obsessão de Naamã, comandante do exército do rei da Síria.
Faltava-lhe o dom de discernimento, por isso o mesmo estava alheio ao fato de que a compulsão por determinadas coisas funcionavam como uma espécie de imã para atrair espíritos malignos.   No seu caso a obsessão pela prata, o ouro e as roupas finas atraíra sobre si o espírito da lepra.
Notem a ironia do destino. Tropas da Síria haviam saído do solo israelense, mas não de mãos vazias. Uma menina fora levada na condição de prisioneira, a qual ficara aos serviços da mulher de Naamã.
Servo tem uma conotação mais amena do que escravo, assim como serviçal tem uma conotação mais amena do que criado, e aos olhos de sua senhora – ela era uma serviçal, por isso a tratava com desvelo. A maneira com que era tratada pela mulher poderosa, que exercia influência e poder sobre si fizera com que todo o ódio em seu coração, decorrente da maneira com que fora arrancada de sua terra natal aos poucos se dissolvesse.
Um dia a menina disse à patroa: — Eu gostaria que o meu patrão fosse falar com o profeta que mora em Samaria, pois ele o curaria da sua doença.
As palavras da jovem serviçal israelita deram novo alento e esperança ao comandante do exército da Síria, o qual era muito respeitado e estimando pelo rei do seu país, pois por meio deste soldado valente – Deus havia dado a vitória ao exército sírio.
Dominado por um entusiasmo exacerbado o mesmo fora ter com o rei, e contou o que a menina tinha dito.
—Vá falar com o rei de Israel – ordenou o maioral da Síria – e entregue esta carta a ele!
Naamã tinha olhos e não via, não prestava atenção aos sinais que indicavam que as coisas materiais que mais presava tinham contidas em si uma maldição, e que o mesmo era uma vítima desta terrível maldição – saiu levando consigo, além da carta do monarca assírio, em torno de trezentos e cinquenta quilos de prata, uns setenta quilos de ouro, e dez mudas de roupas finas.
Na epístola que o comandante do exército sírio levava estava escrito o seguinte: “Esta carta é para apresentar Naamã, que é meu oficial. Eu quero que você o cure.”
Quando o rei de Israel leu a carta ficou aterrado de pavor. Rasgou as suas roupas em sinal de medo e tomado de pavor exclamou: — Como é que o rei da Síria quer que eu cure este homem? Será que ele pensa que eu sou Deus e que tenho o poder de dar a vida e de tirá-la? Ele está querendo briga!
Um pretexto para escaramuça. Esta foi à conclusão que chegou a mandatário israelita. E diante daquele pedido um tanto inusitado não havia como tirar sua razão.
A notícia deste fato fora do comum chegou aos ouvidos do profeta Eliseu que, de imediato mandou dizer ao rei: — Por que o senhor está tão preocupado? Mande que esse homem venha falar comigo, e eu mostrarei a ele que há um profeta em Israel!
O monarca israelita agora estava livre de preocupações, no entanto, se o profeta não sanasse a doença do comandante sírio o mesmo teria que arcar com as consequências.
Naamã foi com os seus cavalos e carros e parou na porta da casa de Eliseu. O profeta desconsiderou a autoridade Assíria. Tanto é verdade que se quer saiu para saudá-lo, incumbindo um empregado de sair e dizer ao mesmo que fosse se lavar sete vezes no rio Jordão, pois assim ficaria completamente curado da sua doença.
Primeiro a descortesia de não sair para cumprimentá-lo, depois lhe manda fazer algo extremamente simples. Estes dois pontos deixaram Naamã muito enfurecido.
— Eu pensava que pelo menos o profeta ia sair e falar comigo e que oraria ao Senhor, seu Deus – disse ele – e que passaria a mão sobre o lugar doente e me curaria!
– Além disso – continuou – por acaso, os rios Abana e Farpar, em Damasco, não são melhores do que qualquer rio da terra de Israel? Será que eu não poderia me lavar neles e ficar curado?
O mesmo tinha chegado à casa do profeta cheio de esperança, e agora ia embora – sem esperança no tocante a cura de sua doença, e muitíssimo bravo.
Então os seus empregados foram até o lugar onde ele estava e medindo as palavras para não o irritar ainda mais disseram: — Se o profeta mandasse o senhor fazer alguma coisa difícil, por acaso, o senhor não faria? Por que é que o senhor não pode ir se lavar, como ele disse, e ficar curado?
Como não tinha nada a perder Naamã desceu até o rio Jordão e mergulhou sete vezes, como Eliseu tinha dito, e ficou completamente curado. A sua carne ficou firme e sadia como a de uma criança.
Que grata surpresa. Como conter a alegria daquele momento? Naamã deixou a casa do profeta Eliseu em estado de fúria, porém, agora, ele volta jubilando em companhia de toda a sua comitiva, e uma vez frente a frente com o profeta disse: — Agora eu sei que no mundo inteiro não existe nenhum deus, a não ser o Deus de Israel. Aceite um presente meu, por favor!
— Juro pelo Senhor, o Deus vivo, a quem sirvo que não aceitarei nenhum presente – respondeu Eliseu de modo convicto.
É claro que ouve um período de persistência por parte de Naamã para que o profeta aceitasse o presente, mas o mesmo recusou veementemente aquilo que lhe estava sendo oferecido. Diante de sua irredutibilidade o comandante do exército da Síria disse: — Já que o senhor não quer aceitar o meu presente, então deixe que eu leve para casa duas mulas carregadas de terra, pois de agora em diante eu não vou oferecer sacrifícios e ofertas que são completamente queimadas a nenhum deus, a não ser a Deus, o Senhor.
– Mas eu gostaria que ele me perdoasse uma coisa, que é a seguinte – continuou ele – quando eu tiver de acompanhar o meu rei ao templo de Rimom, o deus da Síria, para ali adorar, eu vou ter de adorá-lo também. Que o Senhor Deus me perdoe por isso!
—Adeus! – disse Eliseu – Boa viagem!
Geazi ajudante do profeta Eliseu achou um disparate a recusa de seu senhor e disse para consigo mesmo: — O meu patrão deixou que Naamã fosse embora sem pagar nada. Ele devia ter aceitado o que o sírio estava oferecendo. Juro pelo Senhor, o Deus vivo, que vou correr atrás dele e receber alguma coisa!
E saiu em disparada.
Quando Naamã viu que um homem vinha correndo atrás dele, desceu do carro e perguntou: — Aconteceu alguma coisa?
—Não! —respondeu Geazi, um tanto ofegante. — Mas o meu patrão mandou dizer que agora mesmo chegaram dois membros de um grupo de profetas da região montanhosa de Efraim. Então ele gostaria que o senhor desse a ele uns trinta quilos de prata e duas mudas de roupas finas!
— Por favor – disse Naamã – leve sessenta quilos de prata.
E insistiu com ele. Então pôs a prata em dois sacos, entregou a prata e as duas mudas de roupas finas a dois dos seus empregados e mandou que eles – fossem na frente de Geazi. Quando eles chegaram ao morro onde Eliseu morava, Geazi pegou os dois sacos e carregou-os para dentro de casa. Depois mandou embora os empregados de Naamã, entrou em casa de novo e foi falar com Eliseu.
É claro que o profeta já sabia o que havia ocorrido, mas se fez de desentendido, e num tom aparentemente ingênuo perguntou: — Onde é que você foi?
— Eu não fui a lugar nenhum! — respondeu Geazi, desviando o olhar para não encarar o seu senhor.
— O meu espírito estava com você quando aquele homem desceu do carro para falar com você – disse Eliseu de modo enfático. – Esta não era ocasião para você aceitar dinheiro e roupas, plantações de oliveiras e de uvas, ovelhas e gado ou empregados e empregadas!
– Portanto – continuou o profeta – a doença de Naamã vai pegar em você, e os seus descendentes a terão para sempre. Quando saiu dali Geazi tinha pegado a doença, e a sua pele estava branca como a neve.
O profeta Eliseu não jogou uma maldição sobre o seu ajudante Geazi. O mesmo sabia que o espírito causador da lepra estava na prata, no ouro e nas vestes finas que o comandante Assírio trazia consigo, por isso, havia recusado o presente oferecido por ele, no entanto, Geazi não teve discernimento espiritual, e movido pela ganância tomou posse de parte desses objetos e o espírito da lepra que estava sobre Naamã encontrou uma nova morada: a pele de Geazi.

2 Reis, Capítulo (5).





Biografia:
Evangelista e músico! Livros publicados mediante demanda:Mecânica Quântica e a Bíblia, As Pedras Grandes e Benai Elohim e Nephilim
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