Divagando, num universo de folhas tantas, perambulando, cansei meus pés.
Deitei-me numa cama de folhas secas e mantive-me acordada, tempo suficiente para observar que todo o verde, anteriormente existente, se revestira de outra tonalidade.
Umas dez mil folhas, em cores de outono, débeis folhas sem nenhuma garra, tão próximas do meu corpo, igualmente frágil.
Dá para a gente se atrapalhar contando folhas, até abandonar-se, refletir serena e perder-se observando o vento ser conquistado por uma folha seca.
Brando vento confundido, não faz sentido, soprar uma folha em uma única direção se ela está a balançar para a frente e para trás.
Dá para a gente sofrer vendo uma folha vindo de cima, escondendo o medo de estatelar-se ao chão e o vento como se viesse atrás para vê-la estremecida juntar-se às outras e assumir a cor da queda.
Melhor adormecer para não ver tanta folha pelo ar voando.
Melhor aninhar-se entre as já caídas como uma criança no colo da mãe, ou, ainda, no calor da terra que sustenta e relaxar a alma, conectar-se com a Luz para voltar a existir.
Caíram todas as folhas, só não sei quando.
Por um momento admirável voei em outra direção,
corpo, alma e coração.
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