Talvez a luz no fim do túnel esteja lá
e sejamos nós os culpados
os que não a vemos.
Talvez não.
Talvez, no final das contas,
a culpa seja da própria sociedade
que prefere permanecer omissa.
Talvez não.
Talvez eu não passe é de um reles teórico do caos
e as pessoas já não aguentem mais ouvir esse tipo de gente.
Talvez não.
A única certeza:
a de que o não está presente em todas as situações.
Ou seja:
Tudo opaco
tudo opaco na terra papagali
a terra onde um dia Cabral aportou
prometendo ao seu povo riquezas infinitas...
Será que ele ficaria contente
se voltasse aqui agora, mais de 5 séculos depois?
Será que teria ficado satisfeito? Mesmo?
Meu Deus!
Não adianta: está tudo opaco.
Tudo virado do avesso:
crianças gerando crianças
homens virando mulheres
e mulheres, homens
(se é que isso um dia foi possível!)
honestos tratados como bandidos
e bandidos taxados de celebridades
daquelas que não só dão autógrafos
aparecem em outdoors
aparecem em programas de tv
e ainda por cima
são chamados de formadores de opinão.
É isso mesmo, Arnaldo?
(Arnaldo não responde.
Foi para Miami
passar as férias com a família).
Tornamo-nos tatibitates
infantis
superheróicos
peter pans tropicais
não envelheçemos nunca
envelhecer pra quê
não vale a pena
não tá com nada...
Nada
uma grande palavra para explicar essa nação.
Eu falei nação? Foi mal.
Outro dia desses li no facebook
(consciência moral dos cidadãos tupiniquins)
que o Brasil não tem povo, só tem público
que aqui as pessoas só assistem, não fazem nada.
Homem (ou mulher) inteligente quem escreveu isso...
Terry Gilliam, cineasta foda,
já dirigiu um longa com o nome de nossa pátria.
Na época foi achincalhado por escrevê-lo com Z.
Mas era com S? Mesmo? Eu não sabia.
Eu pensei que aqui, por sempre ter sido colônia,
que estivesse cert...
Quer saber? Esquece!!!
Esse lance de pátria é complicado.
O que interessa mesmo
(para ficar no básico)
é que:
o povo sempre paga a conta
político na maior parte do tempo não é povo
(maior parte?)
precisa ter futebol
o tempo todo
precisa ter carnaval
o tempo todo
precisa ter cerveja
o tempo todo
e responsabilidade, ética e educação
não são bens de primeira necessidade
nem hoje
nem amanhã
nem nunca.
É por aí... Entendeu?
Eu sei... É complicado.
Brazil, com Z mesmo, é complicado.
Mas chega de falar sério que amanhã tem jogo do flamengo, eu tenho que levar os meus filhos no colégio porque a minha mulher tem consulta na ginecologista, ainda não entreguei o meu relatório de fim de ano para os meus superiores do escritório (será que o Flávio quebra essa pra mim de novo?), tenho que levar o carro no mecânico, o terno na tinturaria e ainda tem a festa do mala do Marcelo, diretor de mídia, que eu não posso faltar de jeito nenhum (e não é porque eu gosto dele, não!).
E o resto?
O resto... É política.
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