“Disso me recordarei no meu coração; por isso, tenho esperança.” Lamentações 3.21
Nos escritos de Lamentações, Jeremias manifesta profundo pesar sobre a devastação de Jerusalém. O capítulo 3 traz a consequência da maldade e pecado humanos mas traz, também, a bondade e misericórdia de Deus. Embora o ser humano colha o que semeou, Deus está pronto a perdoar e restaurar vidas. As Escrituras nos dizem que o povo de Israel foi avisado várias vezes das consequências que sofreria caso desobedecesse a Deus. E Ele, em Sua onisciência, conhecendo a futura rebelião de Seus filhos, já havia estabelecido que os abençoaria com Seu amor perdoador. Para não fixar-se na realidade terrível, Jeremias decide lembrar-se de que Deus é misericordioso. Em Lamentações 3.22 está escrito: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as Suas misericórdias não têm fim.” Isso era causa de sua esperança, conforme escrito no versículo 21.
Como um incêndio destrói objetos antigos de valor imensurável em um museu, a mente humana é atacada pelo “fogo” que tenta destruir memórias de esperança. Do seu início ao fim a Bíblia mostra o permanente cuidado divino com a humanidade. Enquanto o ser humano sempre mostrou-se rebelde, Deus sempre mostrou-Se aberto à reaproximação, à reconciliação e à restauração. Quando a vida cotidiana está fora das expectativas e os sonhos não se concretizam, a esperança pode desfalecer. Jeremias, através das Lamentações, não quis simplesmente mostrar o peso que o povo deveria suportar pela rebelião reincidente. Muito além disso, ele mostrou que Deus permanecia imutavelmente amoroso. O “fogo” do sofrimento quer aniquilar a visão da bondade divina. Por isso, a visão focada no presente é perigosa. Em 2 Coríntios 5.7 lemos: “Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” A vida não se resume ou se limita ao que naturalmente vemos hoje. Assim como Deus é imutável e eterno, Suas características são, do mesmo modo, imutáveis e eternas. Sabe-se então que o amor Dele é eterno, mas o “fogo” do sofrimento não quer permitir que essa verdade seja lembrada.
Não importa o motivo do sofrimento, Deus está sempre disposto a ser misericordioso. Se o “fogo” do sofrimento é fruto do pecado, deve-se lembrar que apenas um pecado não tem perdão: blasfêmia contra o Espírito Santo (Marcos 3.29, Mateus 12.31). Se o “fogo” do sofrimento é fruto do luto, Deus traz consolo (2 Coríntios 1.3). Se o “fogo” do sofrimento é fruto da preocupação, o Senhor dá promessa do zelo divino (Mateus 6.30). Enfim, a Bíblia traz esperança para todo sofrimento enfrentado na Terra.
Durante Seu ministério terreno o Senhor Jesus Cristo sofreu o “fogo” fruto da perseguição, como podemos ler em muitas passagens como, por exemplo, em Marcos 14.1, Lucas 4.29, Lucas 19.47, João 5.18 e João 7.1. Mas Ele não se deixou manipular por esse “fogo”. Em Sua oração pelos discípulos em João 17.5, Ele trouxe à memória: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” E Ele triunfou para sempre! Ele sabia que o sofrimento era temporário, mas a glória é eterna. Pelo exemplo de Cristo não seremos destruídos pelo “fogo” do sofrimento. Como reforçou Paulo em 2 Coríntios 4.17.18: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;
não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” O sofrimento na terra é apenas um sopro para os que estão em Cristo e essa esperança deve ser permanentemente trazida à nossa memória.
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