Graciosa Mulher
Essa mulher graciosa
de sair de casa é muito medrosa.
Ela caminha aflita de salto alto
Com passos firmes e largos ao trabalho,
Num vestido marrom de camurça,
Segurando sua bolsa como um escudo pra luta
De todo dia ao se deparar na rua
com cantadas, mãos atentadas e maliciosas miradas
Que são pateticamente justificadas
Por estar deslumbrante e arrumada,
e por isso, deve aguentar calada
já que é simplesmente um "elogio",
Mas o estranho é que ela nunca o pediu.
O elogio traz um sorriso espontâneo.
Já o abuso por um desconhecido (ou não) traz um medo insano.
A moça se revolta, pois não se arruma para o prazer
De alguns homens transeuntes fazerem o que bem entender.
Nenhuma roupa é convite
para que o abuso ilegal se pratique.
Há quem pelo tempo das aparências
não vê as profundas essências
de cada um que apresenta
sentimentos, pensamentos e direitos.
E por isso, deve-se ter respeito
Pensando ao ver uma mulher passar
Que ela é muito mais do que se possa aparentar…
A mulher não deve ser tratada com essa violência!
Devemos reparar em sua essência e inteligência...
As pessoas devem debater suas ideias e valores
e devem saber que mesmo que ela tente, a maquiagem não esconderá suas dores...
Essa dor é pela dignidade a ela ser negada
quando é assediada, desrespeitada,
subestimada e injustiçada.
A graciosa mulher com sua bolsa de escudo
enfrenta tanto mais nesse desigual mundo.
Ela pensa em desistir,
mas o que a faz seguir
são as potentes vozes das tantas mulheres guerreiras
que se unem procurando serem verdadeiras
conquistando, aos poucos, mais igualdade de direitos
e, como com esse poema, mais respeito entre os sujeitos.
|