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SAUDADES NO CAIS DEIXEI
ANTÓNIO MANUEL FONTES CAMBETA

Saudades no cais deixei
               ficando assim aliviado,
     esqueci quem tanto amei
     jamais serei atraiçoado.

     O mar, esse sei que é traiçoeiro,
     mas a ele estou habituado,
     o tenho por amigo e companheiro,
     sei que dele sou sempre amado.

     Suas águas vou percorrendo,
     as marés as vou contando,
     e aos poucos envelhecendo
     mas dele sempre gostando.

                              Neste mar imenso e salgado
     suas águas vou sulcando,
     tendo o leme bem calibrado
     minhas mágoas vou soltando.

                              Tenho o mar e o céu por companhia,
     noite as estrelas vou comtemplando,
     e o sol que raia de dia,
     esses me vão acompanhando

     Vivo um pouco na solidão
     não tenho com quem falar,
     fortalece meu coração,
     tenho Deus para me ajudar.
              
               O rumo nunca perdi,
     com o norte sempre atinei,
     foi nele que sempre vivi
     e nele sempre estarei.

     É sempre bom conselheiro,
     para quem com ele souber falar,
     ele é bom é fiel companheiro
     que sempre nos sabe amar.

     Meu rumo está destinado,
     ao longe, o cais já avisto,
     a ele ficarei amarrado
     nesta viagem tudo está já está previsto.

     O     mar, este, agora de berço me serve,
     depois será minha sepultura,
     minhas cinzas ele conserve
     quando chegar à altura.

                              Depois, para sempre nele repousarei,
     findarão as minhas mágoas,
     e eternamente navegarei
     em suas serenas águas.

                              Outros máres outros oceanos,
     irei então encontrar,
     findam assim os desenganos
     a quem na vida tanto soube amar.


Biografia:
SOU UM JOVEM PORTUGUÊS DE 63 ANOS DE IDADE, VIVENDO EM TERRAS DO ORIENTE. CASADO, PAI E AVÔ, APOSENTADO DA MARINHA, GOSTO DE VIAJAR, ESCREVER MINHAS VIVÊNCIAS E ESCREVER POESIA.
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