Quem dera
fosse sincera
essa poesia,
e tudo que eu escrevesse
fosse verdade quando lesse,
tomaríamos um café juntos,
amaríamos a vida, muito,
daríamos as mãos e seguiríamos
nossos caminhos
como se fôssemos cachos de uva
prestes a nos tornarmos vinho...
Mas a vida não se repete,
não é feita de ecos,
viver não é um teste
para nos tornarmos bonecos
liliputianos,
viver, antes que eu me esqueça,
é se dar ao acaso do acaso
sem fazer planos...
Pergunte a uma ervilha
como se sente dentro da lata,
pergunte ao lobo sem matilha
como é viver livre dentro da mata...
À meia-noite pergunte à lua
onde foi se esconder o sol,
ao meio-dia pergunte ao sol
em que nuvem dorme a lua...
|