A DIFÍCIL A ARTE DE ESCREVER
Existiram e existem gênios que, na literatura brasileira e estrangeira, dominavam e dominam fulcralmente às línguas. Aqui no Brasil o já conhecido Manuel Bandeira e tantos outros: Graciliano Ramos, Carlos Drumonnd de Andrade, Mario de Andrade, Machado de Assis...
Portanto, nesse universo, o consagrado João Guimarães Rosa, também conhecedor de dezenas de línguas, fora um escritor que tinha aversão à técnica gramatical – segundo ele a gramática corrobora de forma, demasiada e negativa, à criação artística! Embora ele fora conhecedor de todas as técnicas gramaticais! Desde modo, o escritor de Cordisburgo criou sua própria linguagem – que repercute nos principais países europeus até nos dias de hoje...
Lembremos-nos do personagem Gramacedo – um anagrama e antropônimo, empregado pelo autor que quer dizer: Guimarães Rosa ama cedo à gramática, e isso para o autor fora terrível, ainda menino ele sabia línguas e estudava à gramática – de Grande Sertão: Veredas que é uma personagem, com traços terríveis, que é castigado e merece até a morte. Assim, aconteceu com o personagem Hermógenes – morto na batalha final no paredão - de Grande Sertão: Veredas, que simbolicamente era visto no meio das Altas Veredas (literatura) como um signo arbitrário – àquele que tinha uma “voz desgovernada desigual que se safafa”, e segundo o autor impedia à musicalidade da palavra na produção do paratexto.
Até quando a gramática se torna um empecilho para a criação artística?
Eis o oxímoro! Aliás, essa figura de linguagem muito utilizada na obra de João Guimarães Rosa que aplicou muitos outros exemplos como a do personagem Zé Bebelo – outro anagrama e antropônimo –, assim, não se pode escapar outro oxímoro empregado na região natural de Zé Bebelo que se chama Bondosa Vila Mateira do Carmo da Confusão. João Guimarães Rosa se tornou um gênio na literatura, citado entre os melhores escritores universais. E, segundo Mário Vargas Llosa, escritor peruano, ao escrever à segunda edição francesa de Grande Sertão: Veredas – relata a "obra que dá idéia de uma possível leitura de Torre de Babel".
Acredito que nesse universo literário o que se leva em consideração é, cada vez mais, à questão da inspiração - fator decisivo e raro nos dias de hoje! Pergunte para os escritores qual a sua mais difícil tarefa? A epifania, sem dúvida, continua a ditar às regras de uma produção literária que se pode considera - lá o boom. A inspiração nem sempre está presente e o escritor sente na pele à tortura de uma página em branco seja no papel ou numa tela de monitor de um computador.
Existem muitos doutores em línguas, nacional ou estrangeira, que, por mais que lutem, elaborem teses acadêmicas pertinentes, dificilmente, irão escrever uma obra satisfatória – àquela que deixa lirismo, ludicidade, que é multifacetada, enigmática, envolve o leitor numa viagem inesquecível e a vontade, sempre, de uma segunda leitura... Entretanto, o leitor participa ativamente no desenlace e desdobramento da obra literária.
Como todo o ofício tem sua árdua labuta, à função do escritor não é diferente, porém há um consolo maior que quando sua obra é manifestada, emociona e faz admirar muitas pessoas, adeptas a uma boa leitura, das quais o escritor dificilmente irá um dia conhecê-las, mesmo diante de toda essa tecnologia cada vez sofisticada – nesse planeta de quase seis bilhões de seres humanos.
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Biografia: NEWTON EMEDIATO FILHO natural de Belo Vale, em Minas Gerais, filho de Newton Emediato e Virgilina Augusta Emediato. É formado pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduou-se em Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia e Política). E se especializou na Faculdade de Direito, da mesma Universidade, em nível de Mestrado – Assessoria Técnico-Legislativa Avançada.
É autor de vários ensaios sobre a obra de um dos maiores escritores latino-americanos, João Guimarães Rosa, tendo participação ativa em seminários internacionais realizados pela PUC/Minas sobre Guimarães Rosa.
Um Carro de Bois que Transportava Logos é o seu primeiro romance com comentários (orelha) feitos por Luís Giffoni: [...] Já disseram que Minas são muitas. A literatura também. Um Carro de Bois que Transportava Logos viaja por algumas delas [...].
O conto Um Papagaio Palimpséstico foi selecionado no Festival Festivelhas, originado pelo Projeto Manuelzão/UFMG, realizado no Morro da Garça/MG – em Novembro de 2005.
Rio das Velhas em Verso e Prosa, Projeto Manuelzão, Instituto Guaicuy – SOS Rio das Velhas, primeira edição, dezembro – 2006.
O conto Um Papagaio Palimpséstico foi agraciado com Menção Honrosa no 5 Concurso Guemanisse de Contos – dezembro de 2007 –, que foi o mais concorrido concurso literário promovido pela editora.
Palavras mini-conto publicado no livro de coletânea Letras Mínimas pela Editora Guemanisse, Rio de Janeiro, 2007.
E-mail: newdiato@hotmail.com
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