Pela Ética no Concurso Público
por Nelson Maia Schocair
Mais um, aliás, mais três Concursos, em menos de três dias: Polícia Rodoviária Federal, Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e – pasmem! – OAB, de São Paulo. E disso só se sabe por se tratarem de centros desenvolvidos, com grande afluxo de candidatos. Fica uma pergunta: o que não ocorrerá em concursos menores, de prefeituras e municípios distantes desse imenso Brasil? Até quando, senhores?
Essas perguntas não me calam o torpor. Ainda que busque respostas para tanta omissão da imprensa em geral, mais preocupada em vender sensacionalismo que averiguar culpas; excessivos desmandos por parte de organizadores, ávidos por mais poder e, em contrapartida, desprovidos de capacidade organizacional; e pútrida conivência de autoridade (in) competentes, preocupadas com recessos e férias, jamais apurações sérias que punam responsáveis – seja quem for! – não as encontro. Por quê? Quero crer que essas divagações não sejam forjadas de absolutas constatações. Imploro aos éticos, jamais aos céticos – clube do qual já penso em adquirir título honorário – para que não seja a verdade dolorosa: não há mais com o que se surpreender quando se vêem casos e descasos como esses.
Há muito o Brasil vem experimentando o caos da corrupção em todas as esferas sociais, em todos os níveis de Poder. Pai arranca perna de filho recém-nascido; mãe joga outro no rio; filha mata pais por amor doentio, perdão, por ódio doentio. Por qualquer dez “real” mata-se trabalhador porque este não tinha mais para contribuir com a caixinha do crime organizado, de farda, ou não! Menino é arrastado pelo lado de fora do carro por bandidos “distraídos”; aluno mata professor quando esse cumpre seu papel de educador: “Educação pra quê, chefe, a gente queremo é xerá.”, e, quando são presos, têm o álibi oficial do Estado: “a gente é di menó, gente fina, nada pega parrente”! Ora, se casos aterradores como os narrados não comovem mais a opinião pública, acostumada que se está com o status quo de violência e falta de civilidade, não é um SIMPLES roubo de carro-forte dos correios, como os ocorridos em 30 de outubro e 06 de novembro de 2007 e que continham milhares de inscrições de candidatos à prova para o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – NÃO NOTICIADO PELOS VEÍCULOS COMPETENTES -, ou uma “corrupçãozinha” no valor de 40 mil para garantir o futuro, que farão com que se peça igualdade e lisura nos Concursos Públicos país afora.
Ainda não respondi a nenhuma auto-indagação, talvez porque não consiga parar de questionar onde foi que se errou, em que ponto da estrada se perdeu o rumo da locomotiva nacional. Estaria eu velho em minhas convicções de honestidade e caráter ético, ou os alunos, MEUS QUERIDOS ALUNOS, que lutam ao desespero, à guisa de fome, emprego e, muitas vezes, dignidade de atendimento, em jornadas supra-humanas de intermináveis peregrinações em busca do futuro estável – quiçá a melhor chance de que podem dispor! – para suas vidas, não merecem minha INDIGNAÇÃO!? Se não... Perdão, amigos, é o FIM!
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