Maneira de nada.
Aniversário:
O prato barato cheio de rabanadas
À maneira do Porto e de nada a ponto de nada,
Tudo está certo à maneira de nada:
Um drinque de absinto e amoníaco
E já foi tanto absinto que nem sinto
Mais
Minha
Língua,
Só uma íngua no canto da boca.
Um quilo de amoníaco demoníaco
E o chiclete na boca fica azul e se dissolve.
Dentro do hotel com elas,
As companhias cobradas a cem dólares
(Cento e sessenta e seis centavos por minuto),
Criada está a dor
Em mim; na certeza, quase que sufocada;
No silêncio e na noite chuvosa,
Lindas mulheres,
Antes suspensas na lua macia,
Nas huris fé insana insensível, mas...
É Indiferença que persiste
Em suas caras
De
Pedra
Entre
As horas com atropelo.
Acanhado
Herói que finjo ser; singelamente
Um coração (que convém não ser romântico nem nada)
Cega o que me faz sozinho,
Aproveitando icebergs e os icebergs
Certos; portanto, alegre: até aqui,
Quinhentos
Reais
Valeram mais
Que ser enganado (física e mentalmente) ...
Euforia, diria, estranhas, vagas, as louras
Cínicas rindo de mim:
A primeira
Das duas entrou nesta profissão há dez
Mil —
Anos: quando acabou na Grécia a Guerra
De
Troia;
Helena
É o nome dela.
Prefere, contudo,
Ser Ida, ou ser Aída no comércio.
Depravada, mimada: — Oi, amor! Sou a Aída.
Paulo: — Que bacana! Sorte,
Se o que melhora é no coração nada mal,
A mulher que eu alcanço como imprópria,
Consigo muito mais
Viagens
Que tantos homens que a atrapalham.
Pois agora, sim, Ítaca, o mar venci!... — É!? AINDA
BEM! Já podemos falar um com outro, então...
— É mesmo, amor! Que possa ser, talvez,
Mudançazinha na vida; mesmo apenas
Por
Poucas
Horas...
Ainda assim, mais não sonho!
— Verdade...
A meta do poeta e toda a sua
Juventude
Perdida (pelas noites prateadas),
São inteiramente vagas.
Meditações assim, fazem chorar? Riem.
Pois são bem pagas.
Rio: até aqui, seiscentos
Reais valeram mais
Que aquilo que sempre sigo e me atordoa
Hora a hora da vida, que corre sempre igual (e
Muito igual).
Disponíveis setecentos
Reais e atrás da porta, três mulheres, três
Modos de ver a beleza feminina.
Visões
De
Mundo,
Meus caros,
Belas mulheres devastam
As metas do feioso e todas suas
Alegrias sem paz: — Nós vamos mesmo nos ver, quarta-
Feira? Vai ser bom... E agora?
— Que tal mais outro copo de amoníaco?
Bom para você.
Também para nós.
Nas entrelinhas,
O coração, feliz.
Mas Débora é lunática, frutifica
No deserto a vida que venha a ser como a sorte
É
— Formidável: prefere que tontos
(Que como eu, são — mais — dementes), deixem seus
Modelos para um futuro impossível
Que
Vem
À pedra
Da vida, cheia de vida.
Mas tome
Cuidado: é um tema apelativo e
Não cair no apenas raso,
Torna indispensável ser interpretado
Como ruminação somente metafórica — o
Nosso herói? Sorri...
Já quando oitocentos
Reais se tornam pó:
— Da minha humilde parte prometo ser (só)
Verdadeiro e gentil cidadão correto que encontra
A boa mulher formidável por hora
E sempre passa o mundo em busca, sem sentir
A precaução de guardar, parte em si mesmo,
A
Flor
Careca
Aos seus pés, pétalas soltas, pisadas
Ao chão. — Passa o cartão? Passo o cartão, sim...
— Fale Débora, ainda há tempo, vale a madrugada
Cheia de esperança fina,
A aventura quente como estímulo e
Eu chego aos mil reais! Vampiro de minutos,
Mimetizando amor,
Sedento de cada gesto e de cada instante
Feliz, vagas histórias, porém as máscaras muito
Fúnebres, como só fossem resquícios
Da nossa dor de sempre junto ao chão.
Após
Tanto amoníaco, sexo é impossível,
Senão
Teatro
Apenas, como só fossem formigas
Em fúria ou mesmo à pele, pantomima,
O desejo é que é o muito intenso frio que tortura
Muito mais quem sempre busca
A elevação do amor CORTÊS,
O amor puro
E as cortesãs,
Por entre estas os sorrisos
Essenciais que têm,
É muito maior o efeito, impuro o amor puro
Se condensa e evapora além de si destilado
Sob a ausência de chance,
Mas amo! —
Amor que bebo, como louco (ou como) um rei
De um pequeno país sem habitantes,
Olhando
Neutro
Depois de tanto amoníaco e absinto
Festivo e irrestrito em um planeta
Muito próprio, um saldo a ser honrado e uma mente
Cheia de temor expresso
Em algarismos quentes, um taxímetro
De longa distância, longos dias sem dinheiro
A convencionar chamar:
"tamanho do rombo!", a caixa registradora
Progredindo no meio do meu palácio de Grande
Gatsby falido por entre tragédias
Que nunca foram só apostas, só porque
Pensava como menino — ordinário —
Que
Mais
Flutua
Com olhos doces enquanto ignora o
Desconforto das horas com acerto
Protelado enquanto é tempo para o esbanjamento
E sai de casa apenas pela
Ansiedade doida de dinheiro — dar
Para quem tudo quer. "amor, se for ao banco,
Depositar os mil
Ainda bem cedo, entra na minha conta
De manhã!
— O agiota vai cedo.
Igualmente
Vai o rapaz da internet...
Zangar-se
Com elas por vontade? Não, não: ora não,
Ora sim, mas quanto a vida se rebela,
Apenas
Serve
De não passar da esperança que temos,
A simples ilusão de viver algo
O playboy de mentira...
Pausa para o sofrimento?
Feio e velho e meio burro,
Se o que melhora — é pouco pragmático,
Elas se vão: mais uma vez está sozinho.
Contraditório, não?
Quedar-se de amor nenhum que se lembre,
É um caubói num chão tão doloroso — e, outra vez, sóbrio:
“Poxa, só fala comigo na hora
Que quer, você... Amor, vai... faz assim por mim...
Casa lotérica, amor! Entra na conta
Na
Mesma
Hora! ”
Maior otário... Pensamentos rodam
À toda.
Mil reais em poucas horas!
Ao fim triste e só.
Mesmo assim há um código de honra:
Se entre os cães, pior otário
É o que reclama, músicas românticas
Ouça (em inglês) no rádio, enquanto chora — e peida:
"... Ah, how do I know exactly how
The pain inside is, finding the sun,
Until the evening dies, between the eyes, like a torch,
Enormous love superior to me. Ah, how do I know
That tear, that laughter, are thus,
Secret, cold, through my summers,
For neither do they remove their black perfumes, sweet
Minutes of thought, slow hours
Of my life. Discontent pain here,
Do not leave me, poisoning life for
Dreaming above what it can, so above
All, last in the air the world around,
Seems to be far from me. Oh, how do I know
It’s so hard to stand up
While life is renunciation or a game made
On wind. Everything that happens
..."
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