CRÔNICA
Os cachorros lá de casa
Prof Antônio José
E lá estão eles pulando, brincando e rasgando sacolas numa disputa renhida. Têm quase a mesma idade, um pouco menos de quatro meses, mas aprontam como cães adultos. Nada fica sossegado, já comeram até as cadeiras de cipó sem falar nas crateras que amanhecem no jardim dos beija-flores.
Alguém pode dizer que é o instinto animal, que correm e fazem a zueira canina porque é de sua natureza, é da natureza dos bichos. Sim, eu sei que os bichos também precisam se divertir, afinal, nesse país chamado Brasil há muitas razões para chorar e cair em depressão. Não estou exagerando, basta ver o gás, a gasolina aumentando e o salário diminuindo.
Os bichos também sentem o efeito da crise, pois o preço da linguiça, da salsicha e da ração já não é o mesmo. Que país é este que até os cães são obrigados a virar latas? Não, eles merecem ser bem tratados, ingerir alimentos genuinamente caninos, terem suas vacinas aplicadas com regularidade, serem vermifugados e receber o carinho das pessoas. Não é porque são cachorros que são cachorros...
E os cachorros lá de casa? Ah, eles são engraçados, atrapalhados e devoram o que ver pela frente como um furacão. Até uma cama já foi ferida pelos seus dentes pontiagudos. Os chinelos estão empoleirados como galos de raça e as meias só Deus sabe onde encontrá-las. Mas isso é o de menos, são os nossos melhores amigos e nos cumprimentam com toda a alegria e fidelidade do mundo. Basta olhar para o rabinho deles e ver como eles saúdam seu dono. Como diz o provérbio popular: "é melhor um cachorro amigo do que um amigo cachorro".
Porque escrever é preciso!
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