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Joga pedra na Geni.
Antonio Magnani


A facilidade com que nós, pessoas comuns, jogamos pedras nos outros é incrível. É fácil atirar pedras, principalmente porque sempre, atiramos nos mais fracos.
Geni pode ser o travesti, a prostituta, o toxicônamo, o alcoólatra, o favelado, e tanta gente mais. Os diferentes, os que fogem aos nossos hábitos, costrumes, os que contrariam os valores convencionais.
Estranho e dantesco como queremos despersonalizar os outros em nome da caridade, muitas vezes.
É justo querer impor ao índio, por exemplo, a nossa cultura, a nossa civilização, exigir dele que goste do que gostamos, que adquira nossos hábitos e pense como nós pensamos ?
Tirá-lo de seu "habitat" para dar-lhe em troca o favelamento, é humano? Estamos mesmo ajudando o índio por não aceitá-lo como é, não respeitá-lo nos seus direitos?
Quanto a musica "Joga pedra na Geni", muitos a considera indecente, mas indecente é a impunidade, a violência, a corrupção, a saúde degradada,e a educação um caos. E eu acrescentaria: Indecente é a hipócrita sociedade que fabrica as genis.
Enfim, o refrão vai de boca em boca . Engraçado, ficou engraçado, embora não tenha nada de cômico nele. Não há nada de cômico nas genis da vida que são usadas e ende-usadas no momento em que podem ser servir aos interesses.
Quanto a mim, o refrão me traz uma ressonância bíblica e me parece ouvir distante a voz do Nazareno: " Aquele que estiver sem pecado, que atire a primeira pedra".

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