Mesmo que olhe e veja que a estrada findou,
mesmo assim saiba que às pernas o passo não acabou,
saiba que o sol te escolheu para entrar pelos olhos e pele,
não aceite o não como sim e ao sim todo se revele...
Mesmo que penses que vazio está o copo
beba o ar que dorme dentro dele à espera de tua boca,
verifique seus atos, refinadamente todos in loco,
saiba que ao conhecimento sua alma é louca...
Mesmo que te atirem ao mar de tubarões e cachalotes,
que o fundo te observe com a fome de te findar completamente,
saiba que resta mel dentro deste seu único e indivisível pote,
como se uma idéia ainda viva vivesse dentro de sua mente...
Mesmo que te penses não mais humano como antigamente era,
que conheça a fundo teu labirinto e teu Teseu e teu Minotauro,
saiba que és o mágico viajante sem nada a pagar sobre a esfera,
que fostes mais que humano, o primevo e belo Centauro...
Mesmo que te diminuam com uma lente de encurtar o corpo sutil,
que repitam que viestes só para compor o cenário cinza, sem cor,
saiba, mais que todos, que dentro do teu céu surge o mais belo anil,
que em ti repousa e vibra a semente imortal do mais imortal amor...
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