E ainda cavando
O mundo, com tal perfeição,
Que o que há
Além
Paralisa o destino,
Roubando-o
Até de si mesmo.
Por todo um ardor
Amargo
O olhar segue em vão, dilatando
O fundo do poço, com uma colher
Pequena,
Menor que convém ao seu preço,
Maior do que as entranhas vazias de chão,
A mais desconexa aventura no mundo,
Pretende com isso o ser natural
Naquilo que nem equivale ao avanço.
Conclui lentamente um amargo ninguém,
Só sabe de si e obviamente desiste
Dois dias de mundo (perdidos mais uns) ...
Ocorre na prática como um convite
Coberto de sonhos,
Amargo o olhar
Possível ainda,
Cavando no homem
As nuvens, as forças alheias às leis,
No fundo do poço,
Um mundo de ossos,
Percebe que há terra e sob seus pés,
Teias de aranhas e um sonho em que nada
Exerce influência;
Só sabe de si
Um monte de fendas e mais ao alcance
Do mundo,
Talvez desterrar-se do chão...
Não pode deixar-se levar aos fantasmas,
Que estão ao alcance da terra febril
Ainda, nem sentem pancadas ainda:
Moluscos, conforme a razão afinal.
Florescem jardins espalhados por todo
O pior auditório do poço, porque
Apontam um rio alternando-lhe o curso
Estranho
Subindo,
Estamos descendo,
Não sabem por que
Tropeçam na sorte ou há casas na rua
Ainda,
Nem
Se ainda carregam uma flor
Em boa embalagem.
Ao poço só falta
Deixar-nos levar à sentença de ser
Estranho deixá-lo (enquanto se pode)
E em outras palavras,
Tentar encontrar
Em torno de uns sentimentos humanos,
Um polvo: cabeça e pés mexem-se mais
Gosmentos que nunca e baratas imundas
Planejam subir a um alto lugar,
Porque se confundem com ar e silêncio
E boa vontade.
Mais corpo que cai!
Mais pernas dos seres, mais fundos no poço,
Mais longa viagem,
Um pouco de sol
Por uma abertura no alto da torre
Cravada no solo e cavando o chão
Profundo e jamais um degrau derradeiro:
Há túnel no fim da luz,
Mas não há luz.
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