Todos os que são chamados para serem filhos de Deus são criados em Cristo Jesus para serem tomados de toda a plenitude de Deus.
É no próprio Cristo que o Pai fez habitar toda esta plenitude com a qual convém que sejamos revestidos – a plenitude da sua própria pessoa divina e suas virtudes espirituais.
Os filhos de Deus são, portanto, vocacionados para atingirem a referida plenitude, plenitude esta que, conforme está amplamente citado na Escrituras, é a plenitude do próprio Cristo que é comunicada a eles pela fé e progresso em santificação.
“Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça.” (João 1.16)
“17 Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas;
18 também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência,
19 porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude,” (Col 1.17-19)
“8 Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;
9 porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade,
10 e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça de todo principado e potestade,” (Colossenses 2.8-10)
Tendo visto que há uma plenitude que todos os crentes devem alcançar, há então um modo de ela ser alcançada, e isto é também ensinado a nós na Palavra de Deus.
“14 Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai,
15 do qual toda família nos céus e na terra toma o nome,
16 para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior;
17 que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor,
18 possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,
19 e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus.” (Efésios 3.14-19)
Há uma plenitude a ser buscada e atingida, e no texto retrocitado podemos verificar que há necessidade de oração pedindo-a a Deus, e isto, deve ser lembrado, não deve ser feito de forma genérica, como por exemplo com as seguintes palavras “Oh Deus dá-me a tua plenitude”, pois é importante que saibamos o que não somente significa esta plenitude, como também o que importa fazermos para alcançá-la. Veremos adiante que para este propósito nos foram dados por Deus apóstolos (que mortos ainda nos falam através de seus escritos na Bíblia), profetas, pastores, mestres, evangelistas, para nos ensinarem o modo de fazer a Sua santa vontade, de maneira que o apóstolo fala de uma “plenitude do entendimento” para o pleno conhecimento de Cristo. (Col 2.2), pois é nele mesmo que se encontram escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência que importa sejam comunicados a nós.
Daí que, a forma de ser buscada a plenitude de Cristo em oração seria melhor expressada, como por exemplo, com as seguintes palavras: “Oh Deus, dá-me a plenitude de Cristo, mostrando-me em que devo mudar, em que devo permitir o trabalho do Espírito Santo, para que haja em mim a plenitude das virtudes de Cristo, tendo mortificadas todas as áreas que ainda, presentemente, em minha vida são ocupadas por hábitos nocivos ou pecaminosos. Renova e purifica a minha mente para que pense somente no que for puro e louvável. Não permita Senhor que eu me acomode a algum progresso já obtido em santificação, pois sei que sempre haverá a necessidade de um maior avanço de purificação em áreas do meu ser que estão ocultas ao meu entendimento, e também que há a necessidade de uma manutenção do que foi alcançado por uma constante renovação da operação da Sua graça em meu viver.”
“1 Pois quero que saibais quão grande luta tenho por vós, e pelos que estão em Laodiceia, e por quantos não viram a minha pessoa;
2 para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus - Cristo,
3 no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” (Colossenses 2.1-3)
Este conhecimento de Cristo não é nocional, por se ouvir falar de, mas experimental, por ser experimentado e incorporado à nossa própria experiência de vida.
“Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente.” (Salmo 16.11)
A plenitude de alegria espiritual e deleite no Senhor, a que se refere o salmista são operados por Deus, mas devemos orar para tal propósito e também buscarmos a nossa transformação pessoal e cooperarmos com o trabalho de Deus em nós através de uma mente e vontade renovadas, que queiram e suportem o trabalho do fogo do ourives que arrancará de nós as nossas escórias e nos tornará o metal precioso e puro que é habilitado para receber as joias de Cristo.
O apóstolo Paulo, com tantos outros servos de Deus alcançaram a referida plenitude e tiveram assim autoridade para a recomendarem a outros, conforme é da vontade de Deus.
“E bem sei que, quando for visitar-vos, chegarei na plenitude da bênção de Cristo” (Rom 15.29)
Mas, ninguém se iluda pensando que esta plenitude pode ser alcançada sem muitas batalhas espirituais, especialmente contra a nossa própria natureza decaída, pois há diversas áreas em nosso ser nas quais não permitimos que o Espírito de Deus faça o seu trabalho de renovação e purificação. Nosso apego obstinado a hábitos ruinosos, mau temperamento, e mesmo a pecados é um grande fator impeditivo de sermos tomados de toda a plenitude de Cristo, tendo todas as áreas de nossas vidas tomadas por ela, incluindo-se aí até mesmo os nossos pensamentos.
Somos dirigidos pelo Espírito Santo na medida em que lhe entregamos a direção de todas as partes de nossas vidas.
Convicções arraigadas do que seja certo ou errado que não correspondam à verdade conforme ela se encontra em Cristo, são também um grande fator impeditivo para o trabalho de transformação e renovação do Espírito para nos conduzir à plenitude de Deus.
Devemos estar sempre conscientizados que fomos criados por Deus para que Cristo habitasse e fosse Senhor de cada parte de nossos sentimentos, emoções, vontade, pensamentos e ações.
Devemos dar-lhe boa acolhida para que ele entre em todos os cômodos de nossa casa espiritual, e que ali possa habitar e comandar segundo o seu bem querer. E se algum cômodo estiver sujo, que peçamos ao Espírito Santo que passe ali a vassoura celestial para que Cristo possa ter uma recepção digna de sua Pessoa santíssima.
Um bom modo de permitir este trabalho espiritual é se sujeitando ao ensino daqueles que Deus levantou para tal propósito, e nunca estamos impedidos de receber essa instrução porque ainda que não houvesse presentemente na Igreja pessoas qualificadas e santificadas para nos ensinarem, temos o testemunho de muitos servos de Deus do passado, que embora já tenham morrido, nos falam através dos seus escritos.
“11 E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,
12 tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo;
14 para que não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro;
15 antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
16 do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” (Efésios 4.11-16)
Vemos assim que a plenitude de Cristo é evidenciada em nós pelo nosso crescimento no amor, o qual cresce na mesma medida em que crescemos na verdade, que é a Palavra de Deus.
Há uma altura, uma profundidade, um comprimento e uma largura na plenitude de Cristo, que sendo infinitos, demandam um crescimento constante na fé, no amor, na bondade, na longanimidade, na mansidão, na força, na coragem, na paz, na alegria, no domínio próprio, e onde houver a plenitude destas graças não haverá espaço para o ódio, a maldade, a impiedade, a ira, a fraqueza, a covardia, a ansiedade, a autocomiseração, a intemperança, a ingratidão e tudo aquilo que é contrário à Pessoa e vontade de Cristo.
Deus quer habitar em todas as partes do nosso ser, e para isto fez a provisão necessária em Cristo, em quem podemos achar tudo o que precisamos, porque ele possui toda a plenitude para encher todos os nossos espaços vazios ou ocupados por coisas que devem ser eliminadas para que Cristo possa ali reinar pela graça.
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