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A Preciosidade da Provação
Octavius Winslow

Título original: The preciousness of trial

Por Octavius Winslow (1808-1878)

Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra

"Para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo." (1 Pedro 1: 7)

É à preciosidade da provação em geral, incluindo a preciosidade da provação da fé em particular, a que o apóstolo assim se refere. Propomos, portanto, amplificar a verdade e ilustrar no presente capítulo a preciosidade de todas aquelas provações das quais, mais ou menos, os santos de Deus são participantes.

Esta visão pode apresentar o sujeito da provação em um ponto de luz mais reconfortante e santificante do que o leitor tem sido acostumado a contemplá-lo. Você pensou em provação, antecipou a provação, encontrou a provação, se encolheu da provação como o paciente recua do bisturi do cirurgião, esquecendo que essa mesma provação foi o processo necessário pelo qual Deus estava prestes a extrair por ela, algum grande bem em sua experiência pessoal; e que, longe de ser temida, deve ser acolhida como uma das coisas mais preciosas de Deus, as mais ricas bênçãos da aliança eterna.
Os pontos que propomos para ilustrar são a provação; a preciosidade da provação, e as bênçãos que brotam da provação.
O termo é expressivo. Refere-se a um processo pelo qual o caráter ou força de uma coisa é testado. O engenheiro prova a base de seu arco, o arquiteto prova a fundação de seu edifício, o refinador prova a natureza de seu minério. A palavra provação adquire assim, uma importância significativa em relação a esse processo disciplinar pelo qual Deus prova seu povo.
A provação, então torna-se um elemento necessário na educação e treinamento dos filhos de Deus para o dever e serviço na terra, e para gozo e glória no céu. Isente a Igreja de Deus de provação, e ela é excluída de um processo cujos resultados são incalculáveis ​​em sua experiência.
Ela tenderá a abrir este assunto com mais força, se considerarmos quem o Senhor prova, no sentido em que o termo é empregado agora. Há uma passagem no livro de Deus que contém, como muitas frases breves de verdade inspirada, e fornecerá a resposta à pergunta: Quem o Senhor prova?
"O Senhor prova os justos". A fornalha em que Deus coloca Seu povo, em outras palavras, o processo de provação pelo qual Ele os prova, não é a mesma pela qual o mundo ímpio é provado. "O fogo em Sião e a sua fornalha em Jerusalém", são apenas para Seus próprios eleitos. Ele tem o cadinho para o ouro, e o cadinho para a terra; o fogo do amor, e o fogo da ira, e em nada Ele mais distinguirá Seu próprio povo dos ímpios; o ouro, da "prata reprovada", do que na maneira pela qual ambos são assim tratados. Ele prova os justos porque são justos; ele castiga Seus filhos, porque s são filhos; ele repreende, disciplina e os aflige, porque os ama, tendo lhes "escolhido na fornalha da aflição".
Que palavras tocantes de Cristo são estas; quem pode lê-las sem emoção?
"A todos os que amo, repreendo e castigo". Novamente: "porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe". Assim, é Seu próprio povo, Seus justos, Seus santos, em quem Sua mão aflitiva é frequentemente mais severa e pesadamente colocada. "O Senhor prova o JUSTO."
Mas o que o Senhor prova? Não é a nossa natureza caída que Ele prova, a existência de cuja depravação é clara e inconfundível, pois não precisa de nenhuma prova de que somos pecadores, corruptos, e que "em nossa carne não habita qualquer coisa boa". Mas o Senhor prova Sua própria maravilhosa obra de graça na alma. Ele prova tudo que é divino, bom, e santo no regenerado. Ele prova seus princípios, Ele prova seus motivos, Ele prova suas graças, Ele prova o seu conhecimento, Ele prova a sua experiência, Ele prova o Seu próprio trabalho. Tomemos, por exemplo, algumas das graças espirituais que Ele mais especialmente traz à provação. Ele prova o amor do crente. "Você me ama mais do que estes?" Muitas vezes essa é a pergunta de sondagem de Jesus para Seus discípulos. Ele testará a realidade, a sinceridade, a força do nosso amor por Ele; se pode confiar Nele quando o ferir, se agarrar a Ele quando se afastar, obedecê-Lo quando Ele ordenar, se ele se achegará a Ele mais do que as tempestades procuram afastá-lo da sua posição.
"Você pode renunciar a esta bênção? Você vai realizar este serviço? Você é capaz de beber este cálice, ou levar esta cruz por mim?"
É a linguagem significativa de muitas provações com as quais o Senhor prova os justos. Você é feliz, se seu amor suporta a prova de sua sinceridade, e seu coração responde: "Sim, Senhor, com o teu amor inspirando o meu amor, a tua graça ajudando na minha enfermidade, a tua força aperfeiçoada na minha fraqueza, eu posso.
O Senhor também prova a paciência de Seu povo. Não há, talvez, graça do Espírito, ou adorno do caráter cristão mais negligenciado do que isso, e ainda não há algo mais precioso e belo, honrando a Deus. Para encontrar esta pérola divina e rara devemos frequentemente passar da superfície da sociedade e buscá-la; onde de fato, a piedade e o gosto de poucos os conduzem em meio a cenas de sofrimento, de dor, de adversidade. Em algum apartamento isolado, em algum leito de dor, sombreado pela pobreza e solidão, essa graça divina pode existir, e não haver qualquer olho contemplando seu brilho em meio à escuridão circundante, mas sim Aquele cujos olhos "estão sobre os justos e os ouvidos estão abertos ao seu clamor." Pode-se ver o paciente, espírito calmo de um humilde crente em Jesus, perseverando sem uma palavra murmurante, caminhando sem um sentimento rebelde; sofrendo sem um duro pensamento daquele que o feriu com uma submissão calma, e digna à divina disposição; à vontade de Deus. E ainda, quem, em qualquer caminho que ande, não encontra, em algumas circunstâncias de sua história diária, a "necessidade de paciência?"
As circunstâncias difíceis da vida, a pesada cruz diária, o contato constante com gostos diferentes, mentes pouco convencionais, corações incompreensíveis, os atrasos na resposta à oração, a dor incessante, a cabeça inquieta, o temperamento nervoso para o qual o zumbido de uma mosca é uma agonia; acima de tudo, os afastamentos de Deus, a permanência, a suspensão da consolação do Espírito; todos exigem o exercício daquela paciência com a qual o crente possui a sua alma. Esta é a graça que o Senhor prova! Ah! Quão pouco conhecemos a impaciência de nosso espírito, a petulância e a insubmissão que não aguentam atraso, que se agita contra o Senhor, e se revolta contra Suas operações, até que o Senhor nos prove.
Mas, Ele prova a nossa paciência apenas para aumentá-la. Humilhados sob a convicção de quão rebelde é o nosso espírito, somos levados a clamar poderosamente a Deus para nos dar esta graça, mansamente suportar, sofrer silenciosamente e alegremente fazer Sua vontade.
"O Senhor dirija os vossos corações à paciência de Cristo".
"Tendes necessidade de paciência, para que, depois de ter feito a vontade de Deus, possais receber a promessa".
Somos exortados a "deixar a paciência ter seu trabalho perfeito, para que você possa ser perfeito e íntegro, não faltando em nada".
"Aqui está a paciência dos santos."
Falei da provação da fé. Sem lembrar a linha de pensamento já perseguida, pode-se brevemente afirmar que a fé, sendo a rainha das graças; todas as demais são seus servos régios, e o Senhor prova especialmente esta graça do crente e, ao fazê-lo, indiretamente prova e assim fortalece todas as graças cognatas da alma. Assim, lemos:
"A provação de sua fé produz paciência".
E quais são os fins a serem cumpridos na provação da fé?
O Senhor prova a nossa fé para testar sua genuinidade, para promover sua pureza, para revigorar seu poder, e assim, nos trazer a um conhecimento mais íntimo de Si mesmo.
Nunca deveríamos provar a Deus, assim como fizemos. Deveríamos nos contentar em viajar por muitas etapas sem Ele. Sem qualquer senso de dependência infantil, não há comunhão sagrada; sem buscar Sua vontade, não há qualquer prova de Seu amor, fidelidade e sabedoria. Quão raramente o Senhor veria nosso rosto erguido, nossas mãos estendidas, ou ouvindo os suaves acentos de nossa voz, se permitisse que esta graça permanecesse lenta e estagnada na alma.   
Mas é "água viva" que Cristo depositou dentro do regenerado, e a provação é necessária para mantê-la pura, cintilante e ascendente. Certifiquem-se disto, amados, de que o Senhor exercita assim sua fé, somente para torná-lo um possuidor mais rico desta mais enriquecedora das suas graças, que é a fé. É um processo bondoso de Jesus, pelo qual Ele procura o seu maior bem. Quanto mais sua fé é provada, mais ela lida com Deus, e viaja para Cristo; e é impossível para você passar um minuto com Deus, ou ter um vislumbre de Cristo, e não ser sensata e incomensuravelmente um vencedor.
Quanto mais sua fé o conduz ao trono da graça, mais preciosa será a oração. Quanto mais sua fé lida com a expiação de Cristo, mais a glória de Sua obra se desdobrará em sua mente. Quanto mais sua fé se apodera das Divinas Promessas, mais ela será confirmada na verdade da Palavra de Deus. Assim, a fé tão sobrenatural e maravilhosa é uma graça que transforma tudo o que toca em ouro precioso, e confere ao crente provado, mas um feliz possuidor de, "maiores riquezas do que os tesouros do Egito".
Mas, quem pode percorrer o círculo de todas as provações a que os santos de Deus estão sujeitos?
Quão grande é a sua variedade! Quão peculiar é muitas vezes, o seu caráter! Cada filho de Deus parece se mover em um sulco peculiar a si mesmo, para girar ao redor do grande centro em uma órbita própria. O Senhor nos trata como indivíduos para que possamos ter relações individuais com Ele, portanto entre o catálogo das tribulações do cristão, aquelas de natureza individual podem ter a precedência sobre todas as demais. É uma grande misericórdia quando podemos nos afastar da multidão e lidar com Deus individualmente; quando podemos tomar as preciosas promessas para nós mesmos; quando podemos ir a Jesus com pecados, fraquezas e dores individuais, sentindo que Sua mão está estendida para nós, e todo o Seu coração absorto em nós, como se fôssemos o objeto solitário de Seu amor.
Ó, lide pessoalmente com Cristo, assim como Ele trata pessoalmente com você. Seu convite é: "Venha a mim", e Ele quer que você venha, e você não pode honrá-Lo mais, reconhecendo Sua personalidade e Sua relação pessoal com você, do que quando revelando suas circunstâncias, fazendo confissão de pecado, e apresentando desejos, fraquezas e tristezas pessoais.

Mas além de pessoal, muitas vezes há provações relativas, que muitos são chamados a experimentar. É impossível não sentir no coração, as circunstâncias daqueles a quem estamos ligados por estreitos e ternos laços de amor e amizade em uma medida própria. A religião de Jesus é a religião da simpatia. Ensina-nos a;
"chorar com os que choram e a regozijar-se com os que se regozijam";
"carregar os fardos uns dos outros, e assim cumprir a lei de Cristo".
E que exemplificação tão tocante desta nossa religião fez o seu grande Autor, ao curvar-se sobre o túmulo de Lázaro; como nos diz o evangelista - "JESUS CHOROU"!
Ele sofria de aflições próprias - oh, quão amargas! Mas as enterrava profunda e silenciosamente dentro de Seu peito, e parecia sentir e chorar apenas pelas dores dos outros. "Em todas as suas aflições ele foi afligido."
E assim, também muitas vezes é com o crente; escondendo suas dores pessoais, suportando em seu silêncio solitário e sem queixar de seu próprio fardo, muitas vezes ele é encontrado, por seu altruísmo e sensibilidade, sendo mais profundamente afligido e oprimido pelas tristezas e fardos dos outros.
"Quem é fraco, que eu não enfraqueça?", diz o apóstolo Paulo.
Mas há provações espirituais peculiares aos filhos de Deus. O mundo, como não pode simpatizar com a alegria do crente, por isso não pode participar da sua tristeza espiritual. O Senhor julga os justos como justos. O que o mundo conhece das provações que brotam da habitação do pecado, das provações de Satanás, das trevas espirituais, do conflito da incredulidade, das enfermidades da oração, da magreza da alma, do frio do amor, da dureza do coração, da tendência perpétua a uma recaída espiritual?
Nada disto! Mas, tais são as tribulações da alma de muitos santos de Deus, e estas constituem suas provações mais dolorosas.
Mas, não é tanto sobre o fato dos provações do cristão que nós nos demoraríamos na exposição, como sobre um aspecto particular daquelas provações que, especialmente no processo real de provação, somos propensos a esquecer, a saber, a sua preciosidade. O apóstolo claramente insinua isto: "A provação de sua fé sendo muito mais preciosa do que o ouro".
É à preciosidade da provação da fé, nem tanto à preciosidade da própria fé, a que ele se refere, apesar desta ser também preciosa. Busquemos brevemente essa ideia e vejamos em que sentido o filho de Deus pode contemplar suas provações, como entre as coisas preciosas de Deus.
A provação é preciosa, porque o que ela prova é também precioso. A obra que Deus traz à prova da aflição é digna de todas as dores que Ele usa para provar sua realidade, para promover sua pureza e para avançar seu crescimento. Nada é tão precioso, tão caro, tão indestrutível como a obra do Espírito Santo na alma. Se, amados, vocês tiverem um coração quebrantado pelo pecado, se possuírem fé menor que um grão de semente de mostarda, se houver no seu coração uma centelha solitária de amor divino, ou bater na sua alma um pulsar de vida espiritual; se, em uma palavra, há o esboço da imagem moral estabelecida de Deus, fraca e imperfeita, porém nenhuma figura pode ilustrar sua beleza, nem as palavras descrevem seu valor. Ela distingue toda ideia em sua preciosidade intrínseca. Agora, esta é a obra que o Senhor prova; esses são os princípios divinos, as emoções sagradas, os sentimentos celestiais que Ele traz à prova. Ele prova, porque a provação vale a pena, e assim a provação em si, se torna uma coisa preciosa, porque tem a ver com um trabalho precioso.
A provação também deriva um valor, de ser a disciplina de um Pai amoroso. No momento em que a fé pode ver a extração de qualquer gota da maldição do cálice de tristeza, e rastrear em seus ingredientes nada, senão os elementos de amor, sabedoria, bondade, fidelidade, justiça, percebe-se o custo da disciplina. A própria vara de correção é amada, porque é a vara daquele que é "Amor".
O castigo é doce, porque é de um Pai, e o verdadeiro crente exclama; "Meu Pai, por meio disso, me ensina alguma lição saudável, para inculcar alguma verdade divina, me repreender por alguma loucura, me corrigir por algum pecado, para restaurar meu coração e alma errantes, afastar minhas afeições e simpatias dos atrativos da terra, e atrair-me para mais perto do Céu. Preciosa provação, que é o ditado de uma sábia e santa disciplina, que deixa vestígios da mão de um Pai, que é amorosa em sua origem, em sua natureza, e em seus resultados!"
A provação é preciosa, porque aumenta a preciosidade de Cristo. É na adversidade que a amizade humana é testada. Quando a explosão invernal passa, quando a fortuna desaparece, a saúde falha, a posição diminui, e a popularidade e a influência diminuem, então os pássaros de verão da amizade terrena expandem suas asas e procuram um clima mais quente!
O mesmo teste que comprova o vazio da afeição e da inconstância do mundo confirma o crente na realidade, no poder e na preciosidade da amizade de Jesus. Para conhecermos plenamente quem é Cristo, precisamos conhecer algo da adversidade. Devemos ser provados e oprimidos; devemos provar a amargura da tristeza, sentir a pressão da carência, pisar o caminho da solidão e, muitas vezes, ser levados ao fim de nossas próprias forças e da simpatia e conselho humanos. Jesus brilha mais ao olho da fé, quando todas as coisas são escuras e tristes. E quando outros se retiraram de nossa presença, com sua paciência esgotada, sua compaixão exausta, seu conselho perplexo, talvez seu afeto resfriado e sua amizade mudada, então Cristo se aproxima e toma o lugar vago; senta ao nosso lado, fala de paz ao nosso coração perturbado, acalma nossas tristezas, guia a nossa provação e nos ordena: "Não temas".
Amado leitor, quando Cristo apareceu mais próximo e mais precioso para a sua alma?
Não foi nas épocas em que você teve mais necessidade de Seus conselhos orientadores e de Seu amor reconfortante?
Na região da pecaminosidade de seu coração, você aprendeu o valor, a integridade e a preciosidade de Sua obra expiatória, de Sua salvação consumada. Mas, a parte terna, amorosa e simpática de Sua natureza, vocês foram trazidos à experiência somente na escola da provação santificada. Oh, quão precioso a provação o fez! Em que intimidade sagrada e estreita comunhão e proximidade consciente tem trazido você; quando Ele se aproximou com uma expressão tão benigna, com um olhar tão vencedor, com influência e palavras tão tranquilizadoras, e lhe disse que estava familiarizado com a sua tristeza, entrou em sua perda, sentiu todos os toques delicados de sua dor, e então falou palavras de consolo ao seu espírito, amarrou seu coração quebrado, gentilmente o atraiu para uma doce, santa e alegre submissão à Sua vontade e plena justificação de Suas transações; Ele não entronizou a Si mesmo sobre sua alma naquele momento mais supremamente e firmemente do que nunca?
Você já pensou que o conhecia, e o fez em algum grau, mas agora, no fundo de sua tristeza consagrada, uma tristeza na qual o Homem das dores e o Irmão nascido para a adversidade consagrou todo o seu ser, você exclama;
"Antes te conhecia somente por ouvir, mas agora os meus olhos te veem."
Perguntamos; não é a provação uma disciplina, uma correção e uma escola preciosa, que o leva mais plenamente à experiência sincera da preciosidade do Salvador?
Não se rebelem, portanto contra o que lhes faz conhecer melhor o seu melhor amigo, o seu amado Irmão, o terno, simpatizante, Amado da sua alma. Vocês conhecerão mais de Jesus em uma provação santificada do que através de uma biblioteca de volumes, ou ouvindo uma centena de sermões.
É impossível contemplar os resultados dispendiosos da provação, e não encontrar uma evidência de sua preciosidade. A provação é um processo frutífero; e, embora muitas vezes dolorosas como as incisões da faca amputadora, os resultados dessas incisões são saudáveis. A provação santificada abre uma saída para a fuga de muita enfermidade da alma. O mal profundamente arraigado, oculto e reprimido há muito tempo, cuja existência foi como uma aflição irritante, prejudicando toda a constituição espiritual da alma, foi expulso por esse processo, e surgiu um estado e uma ação saudável. Que egoísmo, que carnalidade, que rebelião, que mundanismo, que declinação secreta, tem o bisturi de Deus trazido à luz, revelando-os, mas para inspirar autoaborrecimento, aversão ao pecado e abandono do pecado; e tudo isso é o caro fruto de uma aflição profundamente santificada!
A provação, também nos estimula a agarrar Deus em oração. Nada provavelmente, em todos os meios de graça do Senhor e dispensações da providência nos leva assim à oração, incita-nos a invocar o Senhor, como a pressão da aflição.
E tão alto privilégio é o acesso a Deus, tão doce lugar é o trono da graça, tão grandes e santas as bênçãos que brotam de uma espera de alma sobre o Senhor, que deve ser uma disciplina saudável que leva a tais resultados.
Oh, considerem-na como uma provação preciosa, uma aflição de ouro que leva o seu coração a uma comunhão mais íntima com Cristo! A voz do seu irmão mais velho pode, como a de José soar dura e alarmantemente em seu ouvido, enchendo-o de medo e pressentimento, mas é a voz de seu Irmão, a "voz do Amado", que fala apenas para despertá-lo para uma abertura mais plena e confiante de seu coração em oração. Oh, prova preciosa! Oh, aflição enviada pelo céu! Que rompe as barreiras, elimina as restrições, descongela os engarrafamentos que interceptam e interrompem minha comunhão com Deus e com o Seu amado Filho, Cristo Jesus.
Nosso Pai Celestial ama ouvir a voz de Seus filhos, mas quando há uma suspensão da comunhão do coração, e os tons são silenciosos, que eram usados ​​para cair como música em Seu ouvido, Ele envia um provação, e então nos levantamos e nos entregamos à oração. Talvez, seja uma perplexidade, e vamos a Ele para conselho; ou é uma necessidade, e vamos a Ele para o suprimento; ou é uma tristeza, e vamos a Ele para nos acalmar; ou é um fardo, e nós olhamos para Ele para suportá-lo; ou é uma enfermidade, e nós recorremos a Ele para receber graça; ou uma provação, e voamos para Ele em busca de apoio; ou é um pecado, e nós recorremos a Ele por perdão; mas, seja qual for a sua forma, ela tem uma voz: "Levanta-te e invoca o teu Deus!"
E o próprio Deus nos move a isso.
Quanto também, a provação santificada profundamente corrige nossos falsos conceitos. Concebemos pensamentos obscuros sobre o caráter de Deus, visões erradas de Suas transações, interpretações cruas de Sua Palavra, mas quando sob a mão de Deus, tudo isso é corrigido A tempestade passageira varreu as nuvens, limpou nosso intelecto, purificou nossa atmosfera moral, um céu mais brilhante e mais sereno nos sorriu, e nosso caminho se tornou mais fácil e agradável. Vemos o caráter de Deus e o nosso sob uma luz diferente; a sua tão gloriosa, a nossa tão vil. Interpretamos Suas relações de maneira diferente e mais favorável, e começamos a aprender que não há nenhum indivíduo que talvez, não tenha mais em seu caráter para admirar e amar, do que censurar e condenar; e que não há nenhum evento na Divina Providência que não tenha uma lição de verdade e uma mensagem de amor.
(Nota do tradutor: Pura verdade. Atesto todas essas palavras em minha própria experiência, pois reconheço que todo o avanço que fiz no crescimento da graça e no conhecimento de Jesus, foi progressivamente aumentado à medida que passei por essas provações santificadas, tanto na Providência, quanto na graça. Quão grande impulso espiritual eu tive, depois de ter passado por uma internação hospitalar de sessenta e dois dias consecutivos num Hospital Público, numa enfermaria com várias outras pessoas. Foi ali, que mais aprendi de Deus do que nunca antes, e desde então, as provações não têm cessado, mas é com uma fé mais firme e tranquila que as tenho enfrentado, vendo em tudo a mão do Senhor, não somente controlando e dominando todas as circunstâncias, como também consolando de modo prático o meu espírito, para que esteja firme, por estar sendo revestido com a graça de Jesus.
Lembro-me perfeitamente do comando que o Senhor me deu, quando estava extremamente fragilizado e sendo atacado pelos dardos inflamados do maligno, para que eu ficasse quieto. “Fique calado. O que você pode fazer agora?”
Nada Senhor, foi a minha resposta. Sinto-me mais impotente do que o pó, mas sei em quem tenho crido, e que tudo podes fazer.” Não somente me foi provido alívio para as minhas dores, como tenho sido mudado desde então!”)
Estamos profundamente endividados com a provação, e assim ela sustenta plenamente seu caráter entre as coisas preciosas de Deus; como autenticando o fato de nossa filiação divina. Apague a provação santificada do catálogo das operações do Senhor, e você cancelaria uma das mais fortes evidências de sua adoção.
Que pai terreno não corrige a obstinação, a vontade própria e a desobediência de seu filho? E nosso Pai celestial, no exercício de uma sabedoria e amor ainda maior, não empregará uma disciplina santa e saudável para com os Seus filhos?
Cada golpe de Sua vara é uma prova de Seu amor, e toda correção de Sua mão é uma evidência de nossa filiação. Quão terna e tocante é a admoestação: "Filho meu, não desprezes o castigo do Senhor, nem desmaies quando és repreendido por Ele. Por que o Senhor castiga a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe".
Assim então, nossas aflições e provações santificadas estão entre as coisas escolhidas, preciosas de Deus, porque são sinais e selos de nossa graciosa adoção em Sua família.
Não se abata, crente, como se alguma coisa estranha e desagradável tivesse acontecido com você. Não interprete mal os tratos de Deus, como se suas dores, dificuldades e provações atuais fossem marcas de Seu desagrado e evidências contra sua relação verdadeira e divina.
Muitos do povo do Senhor que parecem isentos das provações pelas quais os outros estão severamente aflitos estão propensos a argumentar a partir daí, contra o fato de serem verdadeiros filhos de Deus. O mais verdadeiro é que a religião de Jesus é a religião da cruz, e nunca houve um verdadeiro cristão sem uma cruz. No entanto, a penosa desconfiança resultante da isenção das cruzes que os outros carregam, pode ser a cruz que o Senhor lhe designa. A busca do coração e a oração, a seriedade e a ansiedade, que essa convicção produz, podem ser apenas a autodisciplina que essas provações peculiares; da ausência da qual infere ser um mal contra você são projetadas para produzir um bom efeito. Deus pode ricamente nos ensinar e santificar profundamente pela ausência, como pela presença de uma provação.
Mas ah! Não existem cruzes além do reverso das circunstâncias, perda de saúde, afeição gelada, amizade alterada, aflição de coração? Sim, leitor amado; este corpo da nossa humilhação, o poder do pecado que habita em nós, os assaltos de Satanás, as seduções do mundo, os ferimentos dos santos, os becos e desânimos espirituais, são suficientes na ausência de toda provação externa, para disciplinar o coração, humilhar a alma, e manter o crente perto da cruz de Jesus. Assim, não há crente sem provação, e nenhum cristão está sem a cruz.
"Uma senhora de grande piedade queixava-se, que enquanto na Escritura a cruz é falada em toda parte como útil e necessária para os filhos de Deus, ela, por sua vez, deveria reconhecer que até agora o Senhor nunca tinha considerado a sua vida digna de uma, e isso muitas vezes surgiu em seus pensamentos melancólicos e dúvidas, se ela era uma de Seus filhos ou não. Gotthold disse a ela; eu confesso que reclamações como a sua não são comuns, na medida em que poucos cristãos têm qualquer motivo para lamentar a falta da Cruz, enquanto outros, cuja parte dela é extremamente pequena, no entanto imaginam que é tão grande quanto eles são capazes de suportar, e em particular, aqueles que ainda não estão acostumados com ela são propensos a imaginar que sua cruz é muito grande e pesado para ser carregada.
Entretanto, para o seu caso, parece-me que você está realmente levando uma cruz sem estar consciente dela. Você está vexada com pensamentos sombrios, porque não tem cruz. Estes pensamentos sombrios, no entanto me parecem serem eles próprios uma cruz considerável, e também uma muito salutar, pois eles não só mostram, mas nutrem e aumentam o seu desejo de se assemelhar ao Senhor Jesus, tomar a sua cruz e segui-Lo. Além disso, as palavras de nosso Salvador: "Quem não toma a sua cruz e vem após mim, não pode ser meu discípulo", não se refere apenas às dificuldades comuns da vida humana, mas também e, sobretudo tem a ver com a crucificação do velho homem, de suas concupiscências e desejos pecaminosos, de abnegação e subjugação da vontade. Pelo resto, não podemos e não devemos fazer cruzes para nós mesmos, pois isso terminaria em hipocrisia.
O Senhor segura o cálice da aflição em Sua própria mão, e o derrama quando e tanto quanto Ele quiser. Que Ele vos poupou até agora, deve ser reconhecido com humilde gratidão; Ele é o Buscador de corações, e talvez soubesse que, com a cruz, seu coração não teria sentido para com Ele, como tem feito sem ela. Reconheça, contudo que o drama de sua vida ainda não tenha sido jogado até o fim, e que, você deve saber que seu Deus gracioso ainda pode ter alguma pequena cruz em reserva para você, a ser imposta no devido tempo.
As tempestades mais ferozes vêm frequentemente à noite dos melhores dias de verão. Deve ser outro motivo de gratidão a Deus, que Ele lhe deu tempo para se preparar para todas as emergências, e se vestir com a armadura necessária para sua defesa." (extraído de “Emblemas” - de Gotthold.)
Não é um menor resultado da provação santificada, aumentando assim a sua preciosidade; o conhecimento mais profundo em que nos traz da Palavra de Deus?
Na provação voamos para as Escrituras como a fonte infalível de orientação e conforto. Seja qual for a natureza de nossa tristeza, ou a singularidade de nosso caminho temos a certeza de encontrar na Palavra de Deus, luz, simpatia e alívio correspondente com ela. Deus nos envia para esta escola de aflição para aprender. Assim Ele lidou com Davi;
"Foi bom para mim que eu tenha sido afligido, para que eu pudesse aprender os seus estatutos."
A palavra de Deus em todos os momentos deve ser o nosso estudo e prazer. "Que a palavra de Cristo habite em vós ricamente em toda sabedoria".
Mas há, por meio de distrações externas e conflitos internos, uma tendência a negligenciar a Palavra, a perder o gosto por sua doçura ou a desviar-se de suas repreensões fiéis. E como um pai ou um professor, às vezes emprega a vara para estimular seu aluno a aprender, então nosso Pai Celestial, nosso Divino Mestre, muitas vezes envia Sua vara de correção para nos levar ao estudo da verdade; então nós testificamos, "Foi bom para mim ter sido afligido (castigado, repreendido), para que eu pudesse aprender os seus estatutos".
E, com que maior clareza e beleza a Bíblia muitas vezes, se desdobra para nós no tempo da preciosa prova!
Nós entendemos as Escrituras agora, como nunca fizemos antes. Podemos ter consultado críticos e expositores, e por nossa própria ingenuidade e habilidade termos nos esforçado para penetrar os mistérios sagrados da Palavra, e ainda, termos alcançado senão pouca percepção da verdade, mas a vara da correção provou ser nosso melhor expositor sob a orientação do Espírito da verdade! "Então abriu-lhes o entendimento, para que pudessem entender as Escrituras".
Provérbios sombrios, misteriosos e provadores, tribulações que achávamos tão desagradáveis foram os nossos melhores comentários sobre as coisas profundas da Palavra. Que doçura em nossa experiência pessoal, tem a amargura da provação impartido a ela!
Não sabíamos que havia tanta doçura na Palavra, até que encontramos tanta amargura no mundo; nem tanta plenitude nas Escrituras até que encontrarmos tanta vaidade na criatura. Vemos a Bíblia agora, cheia de Jesus Cristo, Sua revelação, Sua glória e doçura, Seu Alfa e Omega, Seu princípio e Seu fim. Saciados com os confortos da criatura, detestávamos o maná da Palavra, e não tinha mais gosto o nosso alimento espiritual, do que o mais insípido para o nosso gosto natural.
Mas a provação doce, santificada e preciosa levou-nos ao Livro da Palavra do próprio provado, e nós "regozijamos-nos nele como alguém que encontra grande despojo". Com o salmista testemunhamos: "Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, sim, mais doces do que o mel à minha boca".
"Este é o meu consolo na minha aflição; porque a tua Palavra me consola."
Oh, bem-vinda, então, alegremente e submissamente ó preciosa provação, que torna mais preciosa em sua experiência a preciosidade da Palavra de Deus!
O tempo da provação, muitas vezes nos coloca em um exame mais aprofundado do nosso progresso cristão e esperança.
Na estação do sol e da prosperidade do mundo, deslizando sobre a corrente suave e calma, quanto damos por certo quanto ao nosso verdadeiro estado espiritual; nós julgamos bem o nosso interior, porque tudo está sorrindo no exterior. O mundo sorri, os amigos aprovam, os ministros recomendam, o coração lisonjeia, e a lâmpada do Senhor brilha ao redor de nós; mas infelizmente, com que leves evidências de conversão, com que marcas duvidosas da graça, com que esperança esbelta do céu, estamos então satisfeitos!
Quão superficial é o conhecimento de nós mesmos, quão imperfeito é o nosso conhecimento de Cristo. Mas, a provação vem com o disfarce de um inimigo, entretanto na realidade é um amigo. E agora a primeira explosão da adversidade dispersa a cobertura de folha de figueira e destrói a bela parede forrada que nossas próprias mãos construíram para nossa beleza e defesa. O que pensávamos ser substância, prova ser senão uma sombra, o que imaginamos que era uma realidade, prova apenas ser uma aparência. A fé que pensávamos ser tão forte, o amor que achávamos tão fervoroso, a graça que pensávamos ser tão real, o crescimento que nós pensávamos ser tão inconfundível; todos desaparecem diante das operações, das sondagens, dos exames do Buscador de corações no dia da angústia.
A provação nos trouxe ao nosso lugar certo; os pés de Jesus. Lá, no espírito do autoexame, do autoaborrecimento, da autorrenúncia fomos levados a perguntar: "Esta evidência me servirá quando eu chegar à morte? Será que este amor dar-me-á ousadia no dia da provação? Esta fé me apresentará irrepreensível diante do trono de Deus e do Cordeiro?"
Abandonando assim as nossas vãs fantasias, os nossos sonhos tolos, as nossas evidências duvidosas fomos capazes de tomar um renovado apego a Cristo, de voar de novo à fonte do Seu sangue e nos envolver mais intimamente dentro da túnica de Sua justiça. Assim esvaziado, humilhado aos Seus pés, nós O louvamos e adoramos pela disciplina que consumiu a escória, espalhou a palha, varreu debaixo de nós a areia, e isso fortaleceu nossas evidências, iluminou nossa esperança, desdobrou o Espírito e entronizou o Redentor mais vividamente e supremamente dentro de nossa alma. Ó provação preciosa!
Como disciplina moral parece impossível superar a preciosidade da provação. Nenhum crente foi colocado em uma posição verdadeira para a formação, desenvolvimento e completude de seu caráter cristão, que não tenha passado em algum grau, através desta disciplina.
Não é mais essencial que o vaso do artesão seja exposto ao calor do forno, a fim de conferir transparência ao material, consolidação à sua forma, e brilho e permanência às cores que seu lápis traçou sobre ele, do que é para um "vaso de misericórdia a quem Deus preparou para a glória", ser provado como pelo fogo.
Dessa disciplina moral não há exceção na família de Deus. É uma observação do seráfico Leighton - verdadeiro como é belo - que, "Deus tinha um só Filho sem pecado, e nunca um sem sofrimento".
Quão tocante e conclusivo é o argumento e o apelo do apóstolo; ele mesmo purificado neste cadinho e instruído nesta escola, " e já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além disto, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e os olhávamos com respeito; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, e viveremos? Pois aqueles por pouco tempo nos corrigiam como bem lhes parecia, mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados."
Assim está claro, que o castigo ou provação é uma evidência e selo de adoção, e que sem ela precisamos daquela disciplina espiritual, além da qual não há simetria e completude adequadas do caráter cristão. Quem não marcou a diferença ampla e marcante no caráter e no comportamento de uma criança treinada sob a disciplina saudável de um pai, e uma criança que cresceu sem essa disciplina, deixada para si mesma?
A que diferença deve ser rastreada, senão à influência formadora da disciplina em uma, e toda a sua ausência na outra?
Há um desenvolvimento e força de caráter, uma maturidade de mente e refinamento suave de sentimento na criança assim educada, que você o procura em vão na criança negligenciada.
"Um filho sábio ouve a instrução de seu pai."
No hebraico esta passagem pode ser literalmente traduzida, "Um filho sábio é o castigo de seu pai". Sobre este texto, assim tomado, com toda a probabilidade os judeus fundaram seu provérbio, "Se você vir uma criança sábia, certifique-se de que seu pai o castigou."
Agora, quão gracioso e terno é nosso Pai celestial em condescender assim, para tratar conosco! Em tudo Ele sustentaria a relação que tem conosco como um Pai. Não apenas nos amando, pensando em nós, nos proporcionando, guiando e guardando-nos, mas também nos castigando. Ele assumiu um cargo de pai, e o exercerá plena e fielmente, ainda que possa usar o frequente e doloroso, embora amoroso e justo, uso da vara. Oh,é para que tenhamos certeza de que esta correção é um novo selo de adoção! Quem não exclamaria alegremente: "O cálice que meu Pai me deu, não o beberei?"
E, no entanto pensamos que há um fim ainda mais elevado alcançado pela provação preciosa, tanto quanto esta autenticação de nossa adoção. Referimo-nos à santidade Divina à qual somos chamados a ser coparticipantes. "Ele nos corrige para o nosso lucro, para que possamos ser participantes de sua santidade." Junto à sua justificação, a santificação deve ser o grande objetivo do crente; e tudo o que promove isto deve ser precioso. Deus nos faria felizes, mas Ele só pode nos fazer felizes, fazendo-nos santos.
Felicidade e santidade são verdades afins: são termos relativos; elas são irmãs gêmeas. Deve ser feliz aquele que é santo. O pecado é o pai de toda a miséria; a santidade a raiz de toda a felicidade. A santidade que Deus nos faria sentir em simpatia, e nos tornaria participantes de Sua própria santidade. Há muito que passa no mundo religioso por santidade, que é espúrio em sua natureza, e é repudiado por Deus. Não há verdadeira santidade senão naquilo que nos molda na imagem divina, aquilo que nos torna semelhantes a Deus.
Não podemos possuir a santidade essencial de Deus, mas podemos participar da Sua santidade impartida. No mesmo sentido em que se diz que somos "participantes da natureza divina" (2 Pedro 1: 4), somos "participantes da Divina Santidade". Que retrato é um filho de Deus purificado, santificado e disciplinado por provação!
Deus é o original divino; ele é a cópia humana. Sobre esse coração suavizado, sobre aquele espírito subjugado, sobre aquele abatido, o santo Senhor Deus imprimiu, embutiu Sua própria semelhança. E como o espelho polido reflete a semelhança do homem que olha para ele, assim faz o filho disciplinado de Deus; a rudeza do carnal é eliminado pelo espiritual, a escória do natural é separada do divino; sua alma purificada reflete e brilha com a santidade de Deus.
Oh, ser como Deus, exclamando com o salmista: "Eu sei, ó Senhor, que os teus juízos são retos, e que me afligiste com fidelidade". Quão terna, suave e amorosamente seu Pai se dirige a você, Seu filho provado; "Meu filho, não despreze o castigo do Senhor".
Há rigor na disciplina? Há amor na vara.
Há amargura no cálice? Há doçura na borda. Há agudeza no sofrimento? Há calma na relação "meu filho". Isto nunca poderá ser esquecido na disciplina mais severa, ou na mais dolorosa correção, que Ele é nosso Pai e nós Seus filhos. "Não é Efraim para mim um filho precioso, criança das minhas delícias? Porque depois que falo contra ele, ainda me lembro dele solicitamente; por isso se comovem por ele as minhas entranhas; deveras me compadecerei dele, diz o Senhor."
Deus nunca emprega uma repreensão sem um consolo, ou a faca de poda sem o bálsamo. Quantas vezes a misericórdia precede e prepara a provação. Foi assim no caso de nossos primeiros pais. Antes que Deus pronuncie a terrível sentença, Ele sopra a graciosa promessa.
A misericórdia escava o canal do juízo, prepara e pavimenta o seu caminho. Assim, as correções, repreensões e castigos de Deus são temperados e suavizados; e como os castigos e repreensões dos justos, são uma "bondade", e "um óleo excelente, que não quebrará a cabeça"; assim, o crente provado pode olhar para o rosto de seu Pai e dizer; "Justo és, ó Senhor, ainda quando eu pleiteio contigo; contudo pleitearei a minha causa diante de ti." (Jeremias 12: 1).
Como doce e ternamente Jesus misturou a advertência com a consolação: "No mundo tereis aflições, mas em mim tereis paz!"
Nosso Senhor, sábia e graciosamente apresenta-nos o mundo como uma cena de tristeza, provação e tribulação, mas a contrapartida será que, em seu meio, experimentaremos Sua presença, amor e graça como nossa paz. Assim, a observação de um curioso escritor é válida: "Os ramos da aflição são feitos de muitos galhos afiados, mas são todos cortadas da árvore da vida."
O crente nunca está tão perto do coração de Cristo, dos confortos do Espírito e das alegrias do Céu, como quando o dilúvio de águas escuras está subindo e girando ao redor dele, erguendo-o sobre suas crestas. Quanto mais alta a arca que levava a Igreja dos antigos se elevava sobre o dilúvio, mais perto ela se aproximava do céu. Quando a terra recuou, o céu aproximou-se; e a arca, flutuando sobre as águas subiu cada vez mais alto. Não é assim com a alma crente, quando inundações de grandes águas entram nela?
À medida que essas águas inundam e se elevam, as loucuras pecaminosas, as vaidades mundanas, as perseguições carnais, o orgulho, o ego e a ignorância desaparecem e a alma se aproxima do céu. Preciosa provação que enterra a vaidade e a corrupção da terra, e revela a alegria e glória do céu à alma! Assim do comedor vem comida. A provação que parecia tão ameaçadora trouxe tal misericórdia. A nuvem que parecia carregada de eletricidade esvazia um chuveiro frutífero. Oh, as estações que nos provam são nossas épocas mais espirituais e mais afetuosas a Cristo, conformando-nos a Ele, e assim a provação torna-se preciosa.
As estrelas brilham mais na noite mais escura; tochas de fogo são boas para o aquecimento; as uvas não chegam à prova até serem prensadas; as especiarias cheiram mais docemente quando prensadas; o ouro parece mais brilhante quando é esfregado. Tal é a condição de todos os filhos de Deus; são mais triunfantes quando mais pisoteados, mais gloriosos quando mais afligidos; muitas vezes mais no favor de Deus, quando menos no do homem; como são suas batalhas, assim são as suas vitórias; como suas tribulações, assim suas alegrias; eles vivem melhor na fornalha da perseguição, de modo que pesadas aflições são os melhores benfeitores para as bênçãos celestiais, e quando as aflições pendem mais pesadas, corrupções pendem mais frouxas, e a graça que está escondida na natureza, como a água doce nas folhas da rosa, é então mais perfumada quando o fogo da aflição é posto debaixo para destilá-lo para fora." (Spencer.)
Filho favorecido de Deus, cuja disciplina do Pai na providência e na graça traz tais bênçãos para a alma! Provação preciosa que torna Jesus mais precioso; o trono da graça mais precioso, a disciplina da aliança mais preciosa, a santidade mais preciosa, os santos de Deus mais preciosos, a Palavra de Deus mais preciosa e a perspectiva de voltar para casa na glória mais preciosa!
"Bem-aventurado o crente que, quanto mais aflições o assaltam, mais estreitamente se aproxima do Senhor, como o viajante alcançado por uma tempestade que, quando a chuva ou a neve cai sobre ele, furiosamente contra ele, prende com mais firmeza o manto que o envolve."
Um tempo de provação é um tempo de sensibilidade. Deus, muitas vezes a envia para este fim. Não há nada no evangelho de Cristo que proíba a emoção; não há nada na religião de Jesus para esmagar a sensibilidade, mas tudo para criá-la. O cristianismo é uma religião de sentimento profundo e santificado. É a única religião que apela completamente à nossa natureza emocional, que toca as fontes profundas e escondidas de nossa humanidade, e nos diz que podemos chorar. Com as lágrimas de Cristo em Betânia e com suas gotas de sangue no Getsêmani diante de nós, certamente poderemos expressar a mais profunda simpatia pela adversidade dos outros, e poderemos também entrar em profunda simpatia com a nossa própria.
Chorai, pois amado! Nós não selaríamos aquelas lágrimas. "Jesus chorou", e você também pode chorar. "Nenhum castigo no presente é alegre, mas doloroso." Portanto, não é pecado expressar a emoção, e ter sensibilidade, regando o nosso leito com lágrimas. Sem uma medida de sofrimento nossa aflição não deixaria nenhum vestígio de bem. Quando Deus fala, nós devemos ouvir; quando Ele ferir, devemos sentir. Somente deixe o seu sofrimento ser moderado, castigado e submisso, incorporando seu sentimento e expressando sua intensidade na linguagem e espírito do "Homem das Dores", "Não a minha vontade, ó meu Pai, senão o tua seja feita."
Que diremos então a estas coisas?
Não devemos contar entre as coisas preciosas de Deus, como não menos preciosa, a provação cuja disciplina nos remove o mal, e nos confere tanto bem?
Quão pouco se deve saber experimentalmente do Senhor Jesus; que profundidades havia em Seu amor, que suavização em Sua simpatia, que condescendência em Sua graça, que delicadeza em Sua conduta, que beleza requintada em Suas lágrimas, que segurança sob Suas asas protetoras de águia, e o que repousa em Seu coração amoroso, senão por meio da adversidade.
A tua arca é lançada no meio das águas agitadas, mas tu tens a Cristo a bordo do teu barco, e não será naufragado. Ele pode parecer, como nos velhos tempos, "quando adormecido sobre um travesseiro", ignorante e indiferente à tempestade que se arrasta descontroladamente ao seu redor, contudo o olho de Sua divindade nunca adormece, e Ele no melhor momento se levantará em majestade e poder, silenciará a tempestade e ainda as ondas, e haverá paz. E vocês contarão como sendo uma provação preciosa que desperta em seu coração a exclamação de adoração: "Que Homem é esse, que até os ventos e o mar lhe obedecem?"
Sim, Cristo pisa o caminho límpido de sua tristeza. Ele vem a você andando sobre o mar de sua tribulação. Ele se aproxima para sufocar seus medos, para acalmar sua mente, para lhe dar paz. E, a não ser por essa alienação de seus bens terrenos, esse sofrimento terrível, essa terrível calamidade, essa doença devastadora, essa languidez, esse sofrimento e essa decadência, esses dias inquietos e noites de vigília; ó, quantas visitas preciosas do Amado de sua alma você teria perdido!
Fique quieto então; a provação trará um Jesus precioso para você, e a presença, o amor, a simpatia e a graça de Jesus iluminarão, acalmarão e adoçarão a sua provação. Logo estaremos em casa, onde "Deus enxugará de seus olhos todas as lágrimas, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem haverá mais dor".
A última verdade de Deus será vista, a última lição de santidade será aprendida, a última mancha de pecado será apagada, e não haverá mais necessidade de disciplina, de tristeza, nem da influência sagrada de provação preciosa; a última brasa da fornalha será extinguida, a última onda de tribulação morrerá na praia, e estaremos para sempre com Jesus.
Até então, "entregue o seu caminho ao Senhor", deixe suas preocupações em Suas mãos, "confie nele e o mais ele fará", e suba do deserto a Seu poderoso braço, e apoiado em Seu peito amoroso, para sustentá-lo em fraqueza, para aliviá-lo do sofrimento e trazê-lo para casa para Si mesmo, onde os dias do seu luto serão terminados, e "DEUS REMOVERÁ TODAS AS LÁGRIMAS DE SEUS OLHOS".
"Quando aflições doloridas esmagam a alma,
E cada laço terreno é devastador,
O coração deve unir-se somente a Deus:
Ele limpa a lágrima de todos os olhos.
Por noites de vigília, quando atormentado pela dor,
Na cama de enfermidade você repousa,
Lembre-se de que seu Deus está próximo
Para limpar a lágrima de todos os olhos.
Alguns poucos anos, e tudo está acabado;
Suas dores passarão em breve;
Então incline-se na fé, no querido Filho de Deus,
Ele vai limpar a lágrima de todos os olhos.
Oh, nunca seja sua alma rebaixada,
Nem deixe seu coração desanimar,
Certifique-se de que Deus, cujo nome é Amor,
Vai limpar a lágrima de todos os olhos!"
Sra. Mackinlay


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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