Renan Calheiros é o tipo do político brasileiro que merece ser estudado com toda a atenção. Ele não chega ser raro, mas é diferente. Pelo lado nefasto. A pergunta é necessária. O que leva a sociedade eleger políticos assim para nos governar?
Concordo que não somos os únicos culpados. Nós apenas votamos. Nosso voto não coloca ninguém na presidência do Senado Federal. Um dos cargos mais importantes da república. É difícil de acreditar que os outros oitenta senadores não conheçam a biografia do ainda todo-poderoso Renan Calheiros.
Calheiros é discípulo de outro político igualmente nefasto para o Brasil. Como José Sarney, Renan já foi de tudo. Menos Presidente da República. Um sonho, acreditem, que deve persegui-lo a vida toda. E seria outro dos nossos pesadelos.
No fim de 1989, no mandato como deputado Renan assumiu a assessoria do então candidato a presidente Fernando Collor de Mello. Em março de 1990, como líder do governo anunciou o famoso pacote que confiscou a poupança dos brasileiros. Com Collor perdido, Renan pediu seu impeachment.
Em 1994, elegeu-se senador com 235 mil votos. Que Moleza! Em abril de 1998, Renan tomou posse como Ministro da Justiça do governo de FHC, indicado por Jader Barbalho. Uau! Foi mantido no cargo no início do segundo mandato de FHC. Nossa! Que biografia linda! E não para por aí.
Reeleito senador em 2002, junto com o PMDB passou a apoiar O recém empossado Lula. Renan substituiu Sarney na presidência do Senado Federal em 2005 e foi reeleito em 2007. Então, o que ficou conhecido como “Renangate” atravessou seu caminho.
Em maio de 2007, a revista Veja revelou que uma empreiteira pagava uma quantia mensal para uma jornalista sua amante, com quem Renan teve um filho. Naquela época “empreiteiras” ainda eram novidade. Absolvido no Conselho de Ética manteve o cargo, mas renunciou à presidência. Com 56 votos foi eleito novamente presidente em 2013.
E é evidente que o imã da Lava Jato jamais deixaria de entrar na biografia de políticos como Renan Calheiros. Até abril de 2016, Renan respondia a nove processos. Em junho, o Procurador Geral da República chegou a pedir sua prisão.
Em que país sério, o dono desta biografia estaria chamando procuradores de exibidos, e mostrando que tem poder para lhes impor limites? Em que país sério, o dono desta biografia bramiria com a Constituição na mão. Ou, diante de um microfone anunciaria em alto e bom som, que salvou uma senadora juntamente com seu marido da prisão?
Triste ter de constatar que o Brasil não é um país sério. E que Renan não é o único.
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