Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
RETRATO NA PAREDE
Sérgio Clos

O que vejo não é o que sinto. O que sinto não é o que vejo. O que penso que seja talvez não seja realmente. Tudo é muito confuso apesar das supostas certezas.
Pairam muitas dúvidas sobre a nossa perfeição. Talvez sejamos uma máquina perfeita capaz de perceber mesmo que sutilmente nossas imperfeições. São as nossas falhas de caráter, de ética. São as nossas maldades latentes que lutamos para controlá-las.
Fingimos que somos caridosos, mas na verdade não o somos. Somos egoístas. Entretanto, tal egoísmo é uma carapaça de proteção. O mundo é verdadeiramente cruel nos dois sentidos: objetivo e subjetivo. Somos desonestos, pois elegemos os desonestos. A nossa inteligência usa o potencial de desonestidade dos políticos para atender as nossas demandas. Fingimos ser fiéis, mas nossas mulheres sabem que não o somos. As mulheres cuidam do mundo e nós o povoamos. É da nossa natureza.
Sempre tentamos trabalhar menos e ganhar mais.
O trabalho braçal não nos encanta. O trabalho enobrece o homem? Tenho cá minhas dúvidas. Na entrada do campo de concentração de Auschwitz estava escrito: “O trabalho liberta.”.
Fabricar legiões de escravos para suprir as ânsias sempre foi tônico nesse mundo.
Somos tão imperfeitos que brigamos entre nós pelos mesmos demônios que nos oprimem.
Seria bom esquecer tudo, ser otimista, distribuir amor, mas não é o que temos feito sempre? Talvez não.
Queremos nos ocupar com outros assuntos, entretanto, costumeiramente, caímos na vala do debate infrutífero.   
Somos intolerantes com os intolerantes.
No fundo queremos sempre mudar o que não pode ser mudado.
Fingimos viver um dia de cada vez, mas na realidade ficamos umbilicados no passado sempre esperando pelo futuro. Na verdade, ou, inconscientemente, sabemos o que deve ser feito, só não o fazemos por pura teimosia mesmo.
Vivemos tanto tempo e não aprendemos muita coisa.
Apegamos-nos à letra morta dos discursos vazios para impor algo que nem nós e nem os que escreveram fizeram-se convictos.
Somos carentes, precisamos de atenção e reconhecimento e quando esses não vêm, culpamos o mundo, mesmo assim ele não nota a nossa presença. Passar despercebido é horrível.
As incertezas de Sócrates deveriam ser as nossas também.
E, no final, é certo que nos transformemos somente num retrato na parede.
Até elas ruírem...


Biografia:
Cronista e articulista. 64 anos
Número de vezes que este texto foi lido: 59447


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas LONGO VERÃO Sérgio Clos
Crônicas UMA CARTA PARA O SENHOR TEMPO Sérgio Clos
Crônicas ABENÇOADAS Sérgio Clos
Crônicas DO OUTRO LADO DA VIDRAÇA Sérgio Clos
Poesias MINHA MUSA Sérgio Clos
Poesias O ENIGMA DA PEDRA Sérgio Clos
Poesias NA ORLA Sérgio Clos
Poesias POEMA DO ADEUS Sérgio Clos
Poesias ACORDO Sérgio Clos
Crônicas FIOS DE PRATA Sérgio Clos

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 71 até 80 de um total de 80.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
aliens - alfredo jose dias 59896 Visitas
A ùltima Fronteira - José Ernesto Kappel 59889 Visitas
Lírio - Vinícius Régis dos Santos 59883 Visitas
Doença de médico - Ana Mello 59881 Visitas
Coração - Marcos Loures 59880 Visitas
Arguta Manhã - José Ernesto Kappel 59880 Visitas
Rala Memória - José Ernesto Kappel 59877 Visitas
eu sei quem sou - 59875 Visitas
Insônia - Luiz Edmundo Alves 59873 Visitas
A verdade está nas unhas - Ana Mello 59873 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última