Quando tuas mãos do meu corpo se afastam,
uma a uma, levemente como fossem asas,
o que eram arrepios de frescor e delícias
se tornam do frio o hálito que enregela,
que entra, no coração, por sua janela:
vem o cansaço da perda e não da preguiça...
Ouço o canto do silêncio a querer-me todo,
que eu cante palavras mudas e hipnóticas,
contrata-me a solidão e por estar sob seu soldo
desgarram-se de mim todos os signos da semiótica...
Lasso e sem porventura ter um futuro a viver,
escrevo ocas frases que se vão no vento;
por querido ter tanto e nada mais ter
rouba-me doces lembranças o tempo...
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