Até o momento, o sol declinava sobre a serra quando o tempo fechou em nuvens negras e tempestivas. Caíram pingos, grossos e pontiagudos sobre as ovelhas que queriam escapar das lâminas e das mãos que apertavam suas tetas. Muitas das vezes apertavam tanto que sangravam.
As ovelhas estavam nuas, pois, tinham suas lãs tosquiadas, baliam insistentemente gritos, gritos dolorosos. Até o momento, era como se estivessem como o couro em carne viva.
Sonhavam em transladar. Elas aspiravam chegar no outro lado do monte e criar os seus cordeiros em uma terra de feno que brotava abundantemente e que mesmo diante da colheita, o feno nunca diminui.
Os velhos, tosquiadores, ouviram o balido das ovelhas fujonas. Deixaram a frente da lareira. Arrojaram na chuva em busca das destrambelhas.
À custa de feno novo foram reconduzidas ao aprisco. O galo cantou e as ovelhas acordaram e era, apenas, mais um sonho.
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