Meu é o acorde fora de escala,
A água que por entre os dedos foge,
O improviso no fim da palavra, paragoge.
Meu é o grito que não se cala.
Meu é tudo que esta aí e aqui,
Brincando entre as nossas dúvidas,
Desconfiando como almas ávidas.
Meu é o espírito parido aqui.
Meu é o desatino no elevador,
O drama elevado ao cubo,
A graça que eu mesmo roubo.
Meu é tudo que eleva a dor.
Meu é o por do sol em laranja,
A explosão de uma manhã nova,
Queimando e fazendo com que eu me mova.
Meu é o cometa que tudo desarranja.
Meu é o voo forro sem propósito,
A angústia que acompanha o saber,
Tão presente que me faz desejar morrer.
Meu é tudo que não é mais e se torna pretérito.
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