Minhas poesias |
Navios de negros |
ivo alexandre de camargo |
Resumo: negros livres que sofreram por brancos que se achavam maiores |
Escuridão profunda que envenena a carcaça
Monumento de guerra que marca a tragédia de sonhos apagados
Agua que transborda para dentro do cárcere
Misturando-se com o esgoto fundido com a madeira podre
Corpos sangrando pelos detalhes exigidos
Cortes profundos maldizendo seu passado negro
Distancia criada pelo esforço sem fome
Mórbida fome transgredida por pessoas obedientes
A proa sangra, a alma sangra.
Muito mais que o próprio corpo dilacerado
Enquanto isso arvores são arrancadas para o sofrimento
O futuro se espera na morte angustiada
O navio atraca e o corpo se derrete em cansaço
Ficam os fortes, deixando as primeiras mortes por ali.
Tubarões se fartam de pele e osso sem sangue
Nem bem colocaram os pés nessa terra querida
Apanham como se fossem culpados de alguma coisa
O problema não foi tanto as mortes dos “escravos”
Mas sim a paralisia de seus sonhos
Destruídos pela ignorância de quem se achava melhor
E hoje está debaixo de sete palmos de terra
Apodrecido como qualquer outro ser
E a cor preta deixou de ser vermelha
Transformando-se em constatação de vida vitoriosa
Deixando o branco como sendo a ausência de cor
Ausência de caráter e ausência de exemplos.
|
Biografia: fotografo, poeta e funcionário publico |
Número de vezes que este texto foi lido: 60463 |
Outros títulos do mesmo autor
Publicações de número 1 até 1 de um total de 1.
|